Assistido na 13ª edição do In-Edit Brasil, festival de documentários musicais, realizado dos dias 16 a 27 de junho
Duração: 124 min. Elenco: Shane MacGowan, Johnny Depp, Bobby Gillespie, Siobhan MacGowan, Victoria Mary Clarke, Ann Scanlon . País: Reino Unido.
Shane MacGowan teve uma vida intensa desde muito jovem. Criado no interior da Irlanda, ele se apaixonou pelo país e, com a criação da avó e dos tios, absorveu para si todas as lutas e problemas enfrentados pelos irlandeses ao longo dos anos, principalmente com os ingleses. E ele bebeu. E se drogou. E bebeu mais. E se drogou mais. E fez sucesso com os Pogues. E bebeu e se drogou como nunca ao ponto de ficar fisicamente e psicologicamente muito frágil. Mas, ainda assim, reclamão e falador.
As mais de duas horas de "Crock of Gold: A Few Rounds with Shane MacGowan" trazem MacGowan sendo entrevistado por Johnny Depp, Bobby Gillespie, a biógrafa oficial dos Pogues e a mulher. Tudo é complementado por entrevistas com amigos e parentes, animações, muitas imagens de arquivo dos mais diversos tipos, de entrevistas a clipes a apresentações, e até um garoto representando o músico em momentos na infância. É uma história fascinante.
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Os tios davam cigarro, bebida e muitos livros a ele e, com os pais liberais de esquerda, estava livre para fazer o que bem entendesse. Isso, claro, o levou a cair em drogas pesadas rapidamente e teria se afundado por completo se não fosse a descoberta do punk -- mais precisamente o amor pelo Sex Pistols. E ele acabou virando um dos símbolos, ainda fã, daquele período da música na Inglaterra.
Quando o punk deixou de ser moda, encontrou nas raízes irlandesas uma maneira de se expressar musicalmente em uma espécie de folk punk folclórico para celebrar a história do país, sua origem, mitologias, lutas -- ele era um apoiador aberto do IRA (Exército Republicano Irlandês em tradução livre) -- e problemas do cotidiano. Isso fez do Pogues uma das grandes bandas do Reino Unido nos anos 1980.
Mas aí as coisas fugiram do controle de um jeito que só Shane MacGowan poderia fazer. E ele nunca mais foi o mesmo e passou a beber ainda mais e a se drogar ainda mais. Aos 63 anos, MacGowan está muito mais fragilizado do que Ozzy Osbourne e Keith Richards, para ficar em dois exemplos de pessoas que cheiraram quilômetros e cocaína e beberam litros de uísque.
O longa ajuda a contar uma das histórias mais loucas do rock e como a obra de MacGowan deve ser celebrada como uma das mais importantes dos últimos 40 anos na música. Uma homenagem mais do que merecida.
Avaliação: ótimo
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