Resenha: The Rumba Kings, de Alan Brain

Assistido na 13ª edição do In-Edit Brasil, festival de documentários musicais, realizado dos dias 16 a 27 de junho

Duração: 94 min. Elenco: Francois Luambo Makiadi, Nicolas 'Docteur Nico' Kasanda, Joseph 'Le Grand Kallé' Kabasele. País: Estados Unidos e Peru.

Imaginem o seguinte cenário: um país africano que enfrenta um dos piores colonizadores e encontra na música não apenas um meio para se divertir e esquecer dos problemas, mas um veículo de comunicação para conseguir a tão sonhada independência? Essa é a história do ótimo "The Rumba Kings", dirigido Alan King.

O povo do Congo vem de uma tradição musical muito rica e usando diferentes instrumentos e moldada ao longo dos anos. A música ganhou as pessoas e começou a gerar ídolos locais e interesse em gravá-los, numa época em que não existia nenhuma relação entre brancos e negros. Os colonizadores mandavam, os nativos obedeciam e eram severamente castigados caso não o fizessem. E ainda existia uma divisão local, desigual, em que um lado não frequentava os lugares do outro.

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Quando um alto-falante foi colocado na principal praça da capital conhecida como Leopoldville, local em que todos passavam diariamente, acabou influenciando a inserção de novos elementos nas bandas. Uma dessas coisas inexplicáveis, que só vendo para crer, é a influência da música cubana no Congo. Marinheiros deixavam álbuns com músicos e, assim, a rumba cubana entrou de vez no país, mudando de vez a música congolesa.

A rumba congolesa nasceu da dificuldade e da força de vontade em mostrar o orgulho de ser um nativo do país. Assim nasceram ídolos, gravadoras, lojas de discos e uma incrível vontade de vencer na vida, ajudados por dois gregos e um judeu, três apaixonados pela cultura local. Cada músico importante, como Grand Kallé e Dr. Nico, ganha um pequeno perfil contado por amigos e admiradores do trabalho feito. Hoje senhores de idade alta, as pessoas que fizeram parte da história mostram-se orgulhosas do papel desempenhado há mais de 60 anos.

Quando os brancos aceitaram a rumba congolesa, o caminho foi aberto para eles tocarem onde quisessem. E assim, a relação entre brancos e negros mudou ao ponto de a música ter um papel fundamental na independência do Congo, inclusive com uma música nascida durante a fundamental viagem para Bruxelas durante as negociações para libertação da colônia.

"The Rumba Kings" fala sobre um assunto que mais gente deveria conhecer pela importância local e por uma história sensacional de força, talento e muita vontade de fazer uma música que desse orgulho a eles e ao país.

Avaliação: ótimo

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