Discos para história: Only By The Night, do Kings of Leon (2008)


Quarto disco de estúdio catapultou o grupo para o sucesso mundial

História do disco

Ao fim de 2007, o Kings of Leon desfrutava de certo sucesso depois da turnê e do lançamento de Because of the Times (2007), em que a sonoridade e canções já estavam ficando mais conhecidas. Esse trabalho, o terceiro em estúdio, mostrava uma banda mais madura em suas letras e mais entrosada no palco. Isso, mais ter a chance de abrir para o U2, levou o grupo a um moderado sucesso na Europa, preenchendo datas com uma turnê durante boa parte do verão no continente.

Depois do sucesso, veio o descanso. Mas só das turnês. Principal compositor, Caleb Followill seguiu o trabalho de desenvolver novas músicas para o então próximo trabalho do grupo. E uma das decisões tomadas foi não chamar o produtor Ethan Johns, que havia trabalhado com o grupo nos três primeiros discos, para ajudá-los neste. Os experientes Jacquire King e Angelo Petraglia foram contratados para colocar o Kings of Leon no caminho do sucesso.

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"Nós sabíamos que esse registro seria nossa tentativa ousada de fazer alguma coisa que não era, necessariamente, algo que fizemos antes. Nos dois primeiros discos com Ethan, assim que você ouvia a primeira nota de qualquer música, você sabia que era nossa só com base no som que Ethan conseguiu. Então, neste álbum, queríamos nos afastar disso", disse o baterista Nathan Followill, à revista 'Uncut', em 2008.

É impossível condenar o Kings of Leon na busca pelo sucesso. Ainda no fim de 2007, a banda explodiu no mundo com os lançamentos de seus grandes sucessos até agora: "Sex on Fire" e "Use Somebody". Desses dois singles em diante, a vida dos membros do grupo mudaria definitivamente. Eles não eram mais a banda de Nashville, Tennessee, que tinha usado do velho artifício de misturar country e rock em canções de forte apelo. Eles pertenciam ao pop, agora. A exigência seria maior daqui por diante.

"Quando fizemos Youth & Young Manhood (2003), (o baixista) Jared (Followill) tinha 15 anos. Essa foi a primeira música que fizemos em nossas vidas, e esse era o único tipo de música que sabíamos fazer. E então, Aha Shake Heartbreak (2004) veio e nós ficamos um pouco mais confortáveis com nossos instrumentos, então subimos um pouco o nível. Então, com Because of the Times (2007), fizemos turnês com U2, Pearl Jam e Bob Dylan, conseguimos tocar nessas enormes arenas e começamos a pensar: 'precisamos começar a fazer música que soe bem em um clube suado para 300 pessoas, mas também soe ótimo no Madison Square Garden ou onde quer que seja. Isso tornou-se um ponto importante na música que estávamos criando, e esse registro é sobre não ter medo de tentar. Sentimos como se estivéssemos começando do zero", contou Followill.

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Lançado em 19 de setembro de 2008, Only By The Night fez um enorme sucesso no Reino Unido, onde liderou as paradas. Recentemente, divulgaram que o trabalho é o mais vendido digitalmente na ilha desde o início desse tipo de mensuração. Nos Estados Unidos, a melhor posição foi o quarto lugar logo na semana de estreia. Se o público adorou, a crítica ficou dividida. Dois importantes sites, 'Pitchfork' e 'PopMatters', deram notas baixas, enquanto a revista Q e a Spin deram notas altas. A maioria achou o disco bom ou regular, de maneira geral.

O Kings of Leon mudou de produtor e estabeleceu uma meta: atingir o maior número de pessoas possíveis. E conseguiu isso em seu quarto disco de estúdio, quando mesclou o que havia feito antes com singles poderosos. O resultado transformou a banda em sucesso absoluto.



Resenha de Only By The Night

O disco começa com a grudenta "Closer". De tema sombrio, ela aponta um caminho mais manso, digamos assim, para a banda. Ao optar por refinar seu som, em consequência disso arranjos e letras, o Kings of Leon apostou em uma sonoridade mais palpável para todo tipo de público. E essa faixa de abertura mostra bem isso. Mas nem só de metáforas vive o álbum, que tem a boa "Crawl" na sequência. Ela mostra a força do início em uma boa letra sobre os Estados Unidos.

"Sex on Fire" foi um sucesso absurdo. Caso você não se lembre, ainda no fim de 2007, a música explodiu na MTV, Mix TV e em todos os lugares possíveis. Essa faixa de refrão potente transformou a vida do Kings of Leon, que soube muito bem traduzir o sexo e todo envolvimento de duas pessoas no ato em algo incrivelmente fácil para cantar. A construção da música leva o ouvinte a decorá-la rapidamente e a cantar o refrão a plenos pulmões. Pode não ser a melhor canção deles, mas é a que fez a diferença entre ser uma banda de segunda escalão e um sucesso.



Outro sucesso do disco é "Use Somebody", uma balada com ar de anos 1980 lançada no século 21. Também construída para ter o ápice no refrão, a letra foi composta por Caleb Followill em um momento de delírio durante o efeito da anestesia após uma cirurgia. Escrever um sucesso já é difícil, conseguir dois no mesmo registro é para aplaudir. A seguinte, "Manhattan", segue na tocada de um rock do sul dos Estados Unidos com um lado mais pop para falar de como os imigrantes tomaram as terras dos nativos americanos ao longo dos anos.

"Revelry" mostra o arrependimento de Caleb por ter terminado um relacionamento e admite ser o culpado pelo fim. A delicadeza dos arranjos e do vocal de apoio mostram como a melancólica faixa tem seus méritos em estar presente no álbum. E o bonito refrão (So the time we shared it was precious to me/ All the while I was dreaming of revelry/ Dreaming of revelry) é dessas coisas para guardar no coração, enquanto "17" é mais uma dessas canções grudentas que funcionam muito bem nos shows.



Se "Notion" é sobre como a banda enfrenta os 'haters' e como eles são aplicados em odiar as músicas, "I Want You" traz um lado country que apela mais para sensualidade e "Be Somebody" trata de um tema tenso: a paixão alucinada de fãs por alguém ou alguma coisa. É sobre ser alguém ou vislumbrar uma imagem que nem sempre é a verdadeira. E a bonita balada "Cold Desert", composta depois de um dia de excessos, fecha o álbum.

Um dia, os garotos do interior decidiram que precisavam dar um passo á frente na carreira depois de conhecer o mundo. E conseguiram ir muito bem no quarto trabalho de estúdio, um exemplo de como misturar as coisas pode ser uma solução para o sucesso.



Ficha técnica

Tracklist:

1 - "Closer" (3:57)
2 - "Crawl" (4:06)
3 - "Sex on Fire" (3:23)
4 - "Use Somebody" (3:51)
5 - "Manhattan" (3:24)
6 - "Revelry" (3:21)
7 - "17" (3:05)
8 - "Notion" (3:00)
9 - "I Want You" (5:07)
10 - "Be Somebody" (3:47)
11 - "Cold Desert" (5:34)

Todas as músicas foram escritas por Caleb Followill

Gravadora: The Control Group/ RCA
Produção: Jacquire King e Angelo Petraglia
Duração: 42min55s

Caleb Followill: vocal e guitarra
Matthew Followill: guitarra, vocal e teclado em "Frontier City" e "Notion"
Jared Followill: baixo e vocais de apoio
Nathan Followill: bateria, percussão e vocal de apoio

Convidados:

Angelo Petraglia: teclados em "Revelry"
Jacquire King: teclados em "Use Somebody"
Alex Fraser: triângulo



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