Discos para história: Mezmerize, do System of a Down (2005)


A edição 135 da seção fala sobre a primeira de duas partes do projeto mais ousado da carreira do System of a Down

História do disco

"É bom matar cada momento do passado para que possa viver o presente", disse Serj Tankian, em 2005, para o site de música britânico 'musicOMH'. Era o ano de lançamento de Mezmerize, a primeira de duas partes de um complexo trabalho do System of a Down. No quarto disco de estúdio, estava mais do que na hora de ousar. E isso começou neste registro.

De 1998, ano do primeiro álbum, até a data da entrevista, muita coisa aconteceu com os libaneses Serj Tankian e John Dolmayan com os descendentes de armênios Daron Malakian e Shavo Odadjian. Eles se estabilizaram entre as novidades de uma nova cena no metal alternativo – talvez o termo não seja essa, mas não achei outro melhor –, principalmente entre os mais jovens.

Mais discos dos anos 2000:
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A caminhada pelo topo começou em 2001, quando Toxicity chegou ao primeiro lugar das paradas e ficou ali durante algumas semanas, incluindo a do atentado ao World Trade Center em 11 de setembro. Um fator fundamental para o sucesso deles é a proximidade com os fãs. Por exemplo, quando as sobras das sessões do disco vazaram, eles apenas anunciaram que viria um disco disso. Nada de processos, tudo para tentar ter essa proximidade. Depois de tudo isso, eles começaram a trabalhar no projeto do novo e ousado registro.

O baterista John Dolmayan explicou a diferença entre as gravações de Toxicy e o que viria a ser o disco duplo Mezmerize/Hypnotize: "O processo de gravação tomou mais tempo. Na última vez, fiz minha bateria em seis dias, mas, desta vez, não tive esse luxo. Por exemplo, tive três semanas para ensaiar as músicas todos os dias. Desta vez, entramos no estúdio na pré-produção. Nós levamos uma canção, [o produtor] Rick [Rubin] ouvia, então nós tentaríamos reproduzi-la o melhor que podíamos e até reescrever algumas partes", falou ele, em 2005, para revista 'Modern Drummer'.

Veja também:
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"Foi um processo muito mais lento. No final, descobri que os dois processos de gravação funcionam. Tivemos que fazer uma abordagem totalmente diferente, porque a era música totalmente diferente [entre os três álbuns]", completou.

Lançado em 17 de maio de 2005, o álbum atingiu o primeiro lugar da parada americana e o segundo da inglesa, colocando o System of a Down em um patamar muito diferente da maioria das bandas em pouco tempo de carreira. Em menos de dez anos, eles já eram gigantes.


Resenha de Mezmerize

A introdução lenta de "Soldier Side - Intro" dá um quê bem aterrorizante – no sentido de temer alguma coisa que está para chegar. O vocal ajuda muito a criar esse clima de tensão, que vem de vez na paulada "B.Y.O.B.". A faixa, forte e pesada do início ao fim, virou uma das mais tocadas da história do grupo por justamente aliar todo talento dos membros em um único lugar. Um inspirado Serj Tankian está com tudo nos vocais ao mostrar seu incrível alcance. E o explosivo final é a cereja do bolo.

"Revenga" trabalha com uma melodia bem suave, que muda completamente de tom no refrão – a outro movimento característico do System –, enquanto a pesada letra, cheia de palavrões, ego inflado e pronta para conquistar qualquer adolescente por ser bem bobinha, de "Cigaro" traz um dos refrãos mais famosos do grupo. E "Radio/Video" parece ser um tratado sobre o ego que usa uma tipo de música tradicional misturada com o estilo deles. Complicado, né? Mas escutem, é boa.



Outra característica interessante do grupo é a velocidade impressa por todos em algumas faixas, como no caso de "This Cocaine Makes Me Feel Like I'm on This Song". Depois ela ganhar um tom mais lento, mas retoma o ritmo inicial. Talvez ela seja um bom exemplo do que é o System of a Down. Tão veloz quanto, "Violent Pornography" trata da lavagem cerebral feita pela TV – nem tanto a letra, mas a melodia é muito boa.

Perto das outras, "Question!" é uma balada bem suave. E se "Sad Statue" pode soar comum no início, acaba melhorando e é outra que ganhou o ar de clássico. A autobiografia "Old School Hollywood", escrita por Daron Malakian, e "Lost in Hollywood" acabam se complementando e virando uma coisa só, dando ao final do disco um início recheado de guitarras pesadas, porém que termina de maneira lenta e melancólica.

Das novas bandas que tem o metal como base de seu som, não significando que está dentro do gênero, o System of a Down agrada muito. O tom das canções, a mescla de elementos, o uso de várias formas dos instrumentos para construir as melodias. Esse é o primeiro de dois trabalhos ousados e bem interessantes deles. E aqui eles mudaram de patamar.



Ficha técnica

Tracklist:

1 - "Soldier Side - Intro" (Malakian) (1:03)
2 - "B.Y.O.B." ("Bring Your Own Bombs") (Malakian, Tankian) (4:15)
3 - "Revenga" (Malakian, Tankian) (3:48)
4 - "Cigaro" (Malakian, Tankian) (2:11)
5 - "Radio/Video" (Malakian) (4:09)
6 - "This Cocaine Makes Me Feel Like I'm on This Song" (Malakian, Tankian) (2:08)
7 - "Violent Pornography" (Malakian) (3:31)
8 - "Question!" (Tankian) (3:20)
9 - "Sad Statue" (Malakian) (3:25)
10 - "Old School Hollywood" (Malakian) (2:56)
11 - "Lost in Hollywood" (Malakian, Tankian) (5:20)

Gravadora: Columbia
Produção: Daron Malakian e Rick Rubin
Duração: 36min06

Serj Tankian: vocais, teclado, guitarra e arranjo de cordas
Daron Malakian: vocais e guitarra
Shavo Odadjian: baixo e vocais de apoio
John Dolmayan: bateria e percussão



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