Discos para história: Them Crooked Vultures, do Them Crooked Vultures (2009)


História do disco

O Led Zeppelin se reuniu pela última vez em 2007, em um show especial para homenagear Ahmet Ertegün, lendário dono da gravadora Atlantic -- casa da banda do primeiro ao último disco de estúdio. Após o show, muito se falou em uma turnê mundial do grupo, ideia prontamente rejeitada pelo vocalista Robert Plant, dono de uma invejável carreira solo.

A fagulha musical continuou e o baixista e tecladista John Paul Jones seguiu em frente com um projeto musical próprio, em que não teria seus teclados e linhas de baixo diminuídos na produção. Esse projeto era o Them Crooked Vultures, feito em colaboração com Josh Homme, do Queens of the Stone Age, e com Dave Grohl, do Foo Fighters.

"O show da O2 foi muito bom. Nós trabalharíamos muito nisso. Tinha que soar como a última noite de uma turnê de dois anos. Depois que o Robert [Plant] disse que não queria mais, ensaiei bastante com Jimmy [Page] e Jason [Bonham, baterista] no ano passado [2008]. Pensamos: vamos começar outra banda", contou, em entrevista ao site do jornal britânico 'Telegraph'. "Escrevemos material novo, mas não conseguimos nos adaptar com os cantores [nos testes] e não deu certo. Mas depois disso, estava com esse pensamento de que faria algumas turnês. Quando Dave veio e disse: 'você vai gostar do Josh', eu fui com tudo", completou.

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Um encontro às cegas entre Josh Homme e John Paul Jones foi organizado por Grohl, e logo eles começaram a trabalhar. E as sessões foram tão duradouras que nem a prisão de Josh pouco tempo depois não atrapalhou. Em apenas uma semana, eles tinham repertório suficiente para gravação de um disco inteiro. E o mais incrível, segundo eles, foi como a coisa aconteceu de forma muito genuína e muito natural.

"No início, Dave e eu ficamos: 'tem que ser pela música, cara'. Se nós apenas nos estivessemos lá, seria uma droga. Eles vão chamar isso de auto-indulgente quando surgir a palavra 'supergrupo'. E eles estarão certos. Rock 'n ’roll só soa bem quando é magro, tem fome e quer agarrar você como um sanduíche. Rock não soa bem quando é feito de maneira relaxada", explicou o vocalista, também ao 'Telegraph'.

Eles fizeram um acordo e nenhuma informação vazou sobre a formação da banda, repertório, nada. O trio com o apoio de Alain Johannes pôde trabalhar de maneira sossegada em todos os processos, já que eles também produziram o álbum. "Quando estávamos em Los Angeles, nós três não podíamos aparecer de uma só vez no mesmo lugar. Dois de nós tudo bem, mas nunca três. Foi muito difícil manter isso em segredo, especialmente com meus amigos. Desde então, tive que me reconciliar com alguns deles, porque eles estavam dizendo: 'você poderia ter me contado sobre isso!', contou Jones ao site 'Louder'.

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"Como eu passava muito tempo em Los Angeles, as pessoas perguntavam o que eu estava fazendo e apenas dizia: 'estou trabalhando com Dave Grohl'. Nós decidimos que queríamos apenas fazer isso, e não ter qual especulação ou todo barulho que vem com um projeto como esse. Nós só queríamos entrar no estúdio e trabalhar", afirmou.

Lançado em 16 de novembro de 2009, o primeiro e único disco do grupo até o momento fez bastante sucesso entre críticos e fãs e atingiu o 12º e 13º lugares das paradas americanas e britânicas, respectivamente. Mas esse é o tipo de trabalho que o resultado das vendas fala muito menos do que a vontade de três caras em unir forças.

"Sabíamos o que estava acontecendo. E sabíamos o quanto era especial, como era bom e que estávamos fazendo algo significativo... Não tínhamos realmente nenhuma ideia, apenas começamos a tocar. E isso é um verdadeiro teste de compatibilidade com alguém. Não era como um líder de banda, eram apenas três caras se juntando para tocar. Era uma forma livre [de música] e puro improviso", falou Dave Grohl.


Resenha de "Them Crooked Vultures"

Uma banda com integrantes com tal calibre teria uma característica fundamental: o peso. E não falo peso de nomes, mas musical mesmo. "No One Loves Me & Neither Do I" abre o álbum mostrando isso, e como o trio conseguiu combinar bem seus próprios elementos musicais em uma coisa só. Depois surge "Mind Eraser, No Chaser", essa com uma cara absurda de Queens of the Stone Age -- lembrando que Josh Homme e Dave Grohl fizeram parte da banda em 2002. -- por ter todas as características de música feita no deserto e pronta para ser ouvida no carro.



Se "New Fang" soa como a fusão das referências e bandas dos três integrantes, com Grohl mandando muito bem na bateria e dando o peso necessário, "Dead End Friends" retoma o peso do deserto em uma faixa que Homme poderia ter colocado em qualquer disco de sua banda principal que ninguém acharia um absurdo e ainda tem uma ótima parte instrumental, outra característica do subgênero. E "Elephants" tem uma introdução de quase um minuto e meio, tudo feito para colocar o ouvinte no clima de uma faixa que fala de um estilo de vida muito peculiar, mas acreditável quando vindo dessa banda.


Em "Scumbag Blues", a guitarra e o teclado brilham. Homme e John Paul Jones estão inspirados para dar o tom sombrio da faixa que soa muito claustrofóbica. Depois surge a melancólica "Bandoliers", que decepção e despedida são os pilares de uma canção de quase seis minutos de duração em que a bateria é o destaque. Indo por outro caminho, "Reptiles" recoloca a agressividade como mote principal, enquanto "Interlude with Ludes" aborda um relacionamento tóxico que Homme teve tempos atrás.

Uma longa parte instrumental domina "Warsaw or the First Breath You Take After You Give Up", com um vocal de apoio muito forte e bem pesada. A parte final reserva espaço para a animada e dançante "Caligulove", para o clima psicodélico de "Gunman" e para finalizar com chave de ouro com "Spinning in Daffodils" e todo seu clima de mistério.



A reunião de Dave Grohl, Josh Homme e John Paul Jones resultou em um supergrupo de verdade e que apostou em um repertório cheio de referências neles mesmos. A década seguinte ao lançamento colocou os dois primeiros em uma posição muito boa na carreira, com destaque para o Foo Fighters ter virado uma das melhores bandas do mundo. Já para Jones, retomar a carreira provou a ele mesmo que ainda há muita musicalidade dentro dele. Agora é esperar pelo segundo trabalho.

Ficha técnica

Tracklist:

1 - "No One Loves Me & Neither Do I" (5:10)
2 - "Mind Eraser, No Chaser" (4:07)
3 - "New Fang" (3:49)
4 - "Dead End Friends" (3:15)
5 - "Elephants" (6:50)
6 - "Scumbag Blues" (4:26)
7 - "Bandoliers" (5:42)
8 - "Reptiles" (4:16)
9 - "Interlude with Ludes" (3:45)
10 - "Warsaw or the First Breath You Take After You Give Up" (7:50)
11 - "Caligulove" (4:55)
12 - "Gunman" (4:45)
13 - "Spinning in Daffodils" (7:28)

Gravadora: Interscope/DGC/RCA
Produção: Them Crooked Vultures
Duração: 66min22s

Josh Homme: vocal principal e guitarra
John Paul Jones: baixo, teclados, piano, clavinete, bandolim e vocal de apoio
Dave Grohl: bateria, percussão e vocal de apoio

Convidado:

Alain Johannes: participação em "Dead End Friends", "Reptiles" e "Interlude with Ludes"; vocal de apoio



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