Discos para história: Reggatta De Blanc, do Police (1979)


História o disco

O sucesso inesperado de "Outlandos d'Amour" (1978) deu ao Police credenciais junto ao público de que um trio poderia fazer um novo tipo de música -- nem punk, nem rock clássico --, mas alguma que misturasse referências em algo único e original para atrair o maior número de pessoas possíveis. Não à toa, eles foram classificados como "New Wave" -- ou "Nova Onda" -- que vinha para mostrar às rádios, público e gravadoras que o passado realmente estava ficando para trás.

Claro que o sucesso do trio formado por Sting, Andy Summers e Stewart Copeland veio com muito trabalho. Mas claro que "Can't Stand Losing You" e "Roxanne" ajudaram muito, principalmente a segunda nos Estados Unidos. Porém havia uma enorme desconfiança, afinal quantas bandas também não explodiram após o primeiro álbum e o sucessor foi medíocre? Uma parte do público e dos críticos optou por esse caminho na hora de avaliar o futuro do Police pouco menos de um ano da estreia.

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A gravadora A&M acreditou no potencial deles para o segundo disco e visou um estúdio maior e um produtor de alto calibre, já que a sonoridade deles foi muito bem recebida na América. Tudo foi prontamente recusado pelo trio, que optou por algo menor e com ajuda de Nigel Gray, engenheiro de som promovido a coprodutor do álbum.

Em uma banda desse calibre, todos chegaram com ideias de músicas para o novo trabalho. Mesmo assim, o material era insuficiente para preencher todo LP. E ainda havia o fato de eles estarem em turnê, então era praticamente impossível ter qualquer tipo de foco no trabalho sem dividir atenção com outras coisas. Mesmo assim, foram apenas quatro semanas em estúdio, um tempo relativamente curto para fazer um álbum do início ao fim. E sem muito material novo, partiram para o baú de antigas gravações.

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"Foi um álbum realmente fácil para nós gravarmos, levou apenas três ou quatro semanas. 'Outlandos...' foi gravado durante um período de seis meses. No 'Reggatta...' nós realmente cancelamos duas semanas de estúdio. O material não foi ensaiado, mas a banda estava pronta. Nós conhecíamos o estilo um do outro porque estávamos juntos constantemente por oito meses, o que não aconteceu quando gravamos o primeiro álbum", disse o baterista Stewart Copeland para 'Trouser Press', em dezembro de 1979.

O trabalho também foi o ponto em que o Police, enfim, conseguiu mostrar ao mundo que era uma banda original. Segundo Sting, esse trabalho foi o início do trio como uma unidade musical com referências, mas com uma cara própria.

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"Tínhamos influências de reggae em nosso vocabulário e foram sintetizados em nossa infraestrutura. Como músico, você aprende seu ofício, imita e copia pessoas, e de repente há um momento em seu desenvolvimento em que você cresce e finalmente se torna você mesmo. Acho que o 'Reggatta De Blanc' foi esse momento para nós", contou o baixista à revista 'Musician', em 1983.

Lançado em 2 de outubro de 1979, "Reggatta de Blanc" separou definitivamente o Police do punk ao apresentar um trabalho de qualidade musical absurda. O LP chegou ao primeiro lugar da parada no Reino Unido e ao 25º lugar nos Estados Unidos. E aqui começou uma subida absurda nadas paradas, o que transformaria o trio na maior banda do mundo no início dos anos 1980.


Resenha de "Reggatta de Blanc"

Um LP que abre com "Message in a Bottle" é um trabalho de respeito. Trazendo a influência do reggae, o trio consegue colocar toda energia juvenil do segundo disco aliada a experiência em estúdio adquirida anteriormente. É uma faixa incrível e um sucesso inquestionável, que garantiu ao grupo o primeiro Grammy da carreira. O segundo veio com a instrumental "Reggatta de Blanc". Primeira das duas creditada ao trio, ela é uma mistura de jazz, R&B, reggae e punk, um caso de influências aliada com juventude. E funciona absurdamente bem.

A grudenta It's Alright for You" aposta na bateria de Stewart Copeland no centro da ação para guiar o ouvinte em uma jornada cheia de dança e pura simplicidade. Uma das canções que deixaram o baú de demos para ganhar vida foi a melancólica "Bring on the Night", escrita por Sting quando fazia parte da banda Last Exit. "Deathwish" encerra a primeira parte mantendo esse lado mais sombrio da banda (Deathwish in the fading light/ Headlight pointing through the night/ Never thought I'd see the day/ Playing with my life this way).



O outro grande single é "Walking on the Moon". A letra fala sobre como o amor deixa as pessoas sem gravidade -- não literalmente, claro, se não seria uma loucura. O reggae está mais presente aqui, com destaque para guitarra de Andy Summers surgindo para dar o toque especial na hora certa. E a engraçada "On Any Other Day" aparece para mostrar todo talento como músico e ironia de Copelend na primeira de três composições dele no álbum. O incrível é que aqui ele tocou quase todos os instrumentos sozinho.


Sting apresenta um relato doloroso sobre o suicídio da primeira namorada em "The Bed's Too Big Without You", em que a melancolia domina todo espaço em uma das faixas mais tristes da discografia da banda. Aqui, não há firula, mas certa manutenção de ritmo para simplesmente contar a história. Já "Contact" surge para mostrar que todos são cheios de dúvidas -- é bom destacar o baixo aqui.

O sentimento de inadequação, de não pertencer a nada ou a lugar nenhum, é traduzido por Copeland em "Does Everyone Stare". Obviamente, a bateria é destaque da canção. Por fim, "No Time This Time", sobra do primeiro disco e colocada de última hora para completar o tempo total, é muito diferente do resto por ser bem animada e para cima. Um final inesperado, convenhamos.

"Reggatta de Blanc" consolidou o Police como um trio de músicos talentosos e prontos para voos mais altos. Pouco menos de um ano depois, a banda atingiria o topo do sucesso com o terceiro álbum da carreira e viraria um dos maiores grupos de todos os tempos.



Ficha técnica

Lado A

1 - "Message in a Bottle" (Sting) (4:51)
2 - "Reggatta de Blanc" (Andy Summers, Sting, Stewart Copeland) (3:06)
3 - "It's Alright for You" (Sting, Copeland) (3:13)
4 - "Bring on the Night" (Sting) (4:15)
5 - "Deathwish" (Summers, Sting, Copeland) (4:13)

Lado B

6 - "Walking on the Moon" (Sting) (5:02)
7 - "On Any Other Day" (Copeland) (2:57)
8 - "The Bed's Too Big Without You" (Sting) (4:26)
9 - "Contact" (Copeland) (2:38)
10 - "Does Everyone Stare" (Copeland) (3:52)
11 - "No Time This Time" (Sting) (3:17)

Gravadora: A&M
Produção: Nigel Gray e The Police
Duração: 41min52

Sting: baixo, vocal, vocal de apoio, baixo duplo e sintetizadores
Andy Summers: guitarra, piano e sintetizadores
Stewart Copeland: bateria, vocal de apoio, guitarra e vocal principal em "On Any Other Day" e "Does Everyone Stare"



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