Discos para história: Rock 'n' Roll, de Erasmo Carlos (2009)


Veterano cantor conseguiu atrair novos fãs com o álbum

História do disco

Erasmo Carlos é o grande parceiro musical de Roberto Carlos há 60 anos. Mas cada um tomou seu rumo musical nos anos 1970. Enquanto um partiu para uma veia mais romântica e popular, garantindo o topo das vendas por uma década de maneira consecutiva, o outro foi para um lado mais hippie e soul -- completamente diferente do feito na Jovem Guarda, movimento musical e cultural liderado pela dupla ao lado da cantora Wanderléa.

Depois de idas e vindas, tragédias pessoais e fazer o que desejava na música, ele finalmente cedeu e gravou um disco como os fãs pediam há muito tempo: um disco de rock. Mas, claro, rock para Erasmo não é o que é atualmente ou coisa de dez anos. É Elvis, Beatles, Rolling Stones. Enfim, os clássicos.

Mais discos dos anos 2000:
Discos para história: Dear Science, do TV on the Radio (2008)
Discos para história: Deixa a Vida Me Levar, de Zeca Pagodinho (2002)
Discos para história: Fever to Tell, do Yeah Yeah Yeahs (2003)
Discos para história: Artista Igual Pedreiro, do Macaco Bong (2008)
Discos para história: Parachutes, do Coldplay (2000)
Discos para história: In Rainbows, do Radiohead (2007)


"Faço visitas ao rock n’ roll. Comecei a usar muito teclado, muito arranjo, me esqueci da sujeira do rock, da guitarra pura. Então estava com saudade. E os meus fãs também me cobram muito isso. Aí calhou de eu fazer 25 músicas, uma leva boa, tudo rock n’ roll", revelou o cantor, em entrevista ao site da "Saraiva", em 2009.

"Aí foi só apelar para os meus parceiros, amigos, com quem nunca compus, como o Nelson Motta, Nando Reis, Chico Amaral. E o Liminha gostou das minhas bases, feitas todas aqui em casa, com bateria eletrônica e o meu violão. No estúdio, foi só incrementando o que havia feito em casa", continuou.

Veja também:
Discos para história: As Quatro Estações, do Legião Urbana (1989)
Discos para história: Gal Costa, de Gal Costa (1969)
Discos para história: Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira, de Moraes Moreira (1979)
Discos para história: Amor de Gente Moça, de Sylvia Telles (1959)
Discos para história: Out of Time, do R.E.M. (1991)
Discos para história: Hot Fuss, do Killers (2004)

Assim como muitos veteranos de sua época, Erasmo começou a ser revisto por uma geração de novos músicos de sucesso. E foi aí que veio um "boom" na carreira no início dos anos 2000, culminando em "Rock 'n' Roll". Aliás, o trabalho também celebrava os 50 anos de carreira do cantor, iniciado no longínquo 1959. Era o então primeiro disco de inéditas desde 2004, quando lançou "Santa Música".

Erasmo levou quase uma década para superar os problemas, mas resolveu tudo isso trabalhando e se apoiando nos filhos. Quando finalmente estava pronto, retornou ao básico. Lançado em 2009, "Rock 'n' Roll" foi considerado um dos melhores álbuns daquele ano e mostrou para nova geração que ele não é apenas o parceiro musical de Roberto. Nem apenas um cover de si mesmo.


Resenha de "Rock 'n' Roll"

A animada "Jogo Sujo" abre o disco e mostra como Erasmo Carlos estava em forma nas composições. Ao apostar em um arranjo bem leve para a faixa, convida o ouvinte -- fã ou não -- a explorar mais o trabalho. O refrão certeiro também ajuda, claro. Segunda faixa, "Cover" é uma brincadeira do cantor com o fato de não ver covers dele por aí, então ele acabou virando o próprio cover. É animada e atraente, principalmente pelo conjunto letra e arranjo fáceis de cantar.

O maior ator coadjuvante de documentários musicais de todos os tempos, Nelson Motta compôs a romântica e melancólica "Chuva Ácida", que acabou soando um ato biográfico do próprio Erasmo com a ex-mulher, Nara, morta em 1995. E "Olhar De Mangá" foi inspirada no estilo de desenho japonês e seus grandes olhos, oportunidade perfeita para o compositor homenagear as muitas mulheres famosas dos últimos 60 anos.


A dançante "Noite Perfeita (Uma Farra no Tempo)" traz a nostalgia de um tempo que não volta mais, "A Guitarra é uma Mulher" apresenta uma melancolia em que o solo da guitarra é muito triste e "Um Beijo É Um Tiro" é animada, mas tem um pouco de carga dramática. É um trio de canções que mostra como o compositor conseguiu mesclar bem os assuntos em melodias e letras diferentes. Esse meio acaba sendo importante para mostrar o outro lado de Erasmo, um pouco mais melancólico, que continua em "Vozes Da Solidão".



Composta com Nando Reis, "Mar Vermelho" é uma crítica ao problema de dejetos jogados no mar e como incêndios no oceano estão virando algo comum. É animada e bem pegajosa, diferente da bonita balada "Noturno Carioca". E se "Encontro Às Escuras" fala sobre como a internet fez pessoas conheceram outras apenas online e havia certo tom de surpresa quando o encontro acontecia, "Celebridade" encerra o trabalho com bom-humor ao contar a história de uma mulher que faz de tudo para ficar famosa.

Erasmo Carlos finalizou a primeira década dos anos 2000 em alta junto ao velho público, que pedia um disco assim, e ao novo, que passou a conhecê-lo aqui. Assim, o cantor conseguiu reconstruir a carreira com uma nova base ao agradar os antigos e atrair novos com um ótimo disco.



Ficha técnica

Tracklist:

1 - "Jogo Sujo" (Erasmo Carlos)
2 - "Cover" (Erasmo Carlos)
3 - "Chuva Ácida" (Nelson Motta)
4 - "Olhar De Mangá" (Erasmo Carlos)
5 - "Noite Perfeita (Uma Farra no Tempo)" (Erasmo Carlos e Chico Amaral)
6 - "A Guitarra é uma Mulher" (Erasmo Carlos e Chico Amaral)
7 - "Um Beijo É Um Tiro" (Erasmo Carlos)
8 - "Vozes Da Solidão" (Erasmo Carlos)
9 - "Mar Vermelho" (Erasmo Carlos e Nando Reis)
10 - "Noturno Carioca" (Erasmo Carlos)
11 - "Encontro Às Escuras" (Erasmo Carlos)
12 - "Celebridade" (Erasmo Carlos, Liminha e Patrícia Travassos)

Gravadora: Coqueiro Verde
Produção: Liminha e Léo Esteves
Duração: 43 minutos

Erasmo Carlos: vocal, tambourine e violão

Convidados:

Liminha: violão, órgão, vocal de apoio, guitarra e baixo
Dadi: guitarra e baixo
Cesinha: bateria, tambourine e pandeiro
Alex Veley: piano, teclado e órgão
Filhos Da Judith: vocal de apoio
Billy Brandão: guitarra
João Barone: bateria
Pedro Dias: vocal de apoio
Trompete: Jeferson Vistor



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