Resenha: Arcade Fire - We

O Arcade Fire, ao longo dos últimos anos, se consolidou como uma das melhores e mais importantes bandas do período, mas o último trabalho de estúdio, "Everything Now", de 2017, não agradou muita gente sendo considerado muito abaixo de "The Suburbs", de 2010, e "Reflektor", de 2013, os mais recentes antes dele. Com a falta de pressa mais a pandemia de Covid-19, a banda ficou cinco anos sem lançar nada inédito, o tempo mais longo entre todos os discos.

Tudo mudou com "We", sexto álbum de estúdio da banda, e o último de Will Butler, irmão do vocalista Win, na banda — ele anunciou a despedida a poucos dias do lançamento do trabalho. Aliás, eles mantiveram a tendência dos últimos anos em um álbum conceitual. O nome foi retirado do livro de ficção científica de 1921 do autor russo Yevgeny Zamyatin, dividido em duas partes — a primeira, I, é "o medo e a solidão do isolamento" e "We" fala sobre "alegria e o poder da reconexão".

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Uma boa discussão acontece logo na faixa de abertura, quando "Age of Anxiety I" discute essa nova sociedade viciada em rede sociais e na imagem projetada sempre para os outros em um ambiente dominado por likes e elogios falsos, e nisso entra "Age of Anxiety II (Rabbit Hole)", sobre essa armadilha que é esse mundo e a inevitável entrada nele ainda muito cedo — é uma das boas músicas do álbum.

E as consequências disso chegam em "End of the Empire I–III", história de como os Estados Unidos deixaram de ser a grande zona de influência do mundo nos últimos 20 anos, que termina com a sem sentido "End of the Empire IV (Sagittarius A*)".

A segunda parte do trabalho começa com "The Lightning I" e "The Lightning II", duas canções, feitas durante o auge da Covid-19 nos Estados Unidos e na época da eleição para presidente, em que a esperança é o tema principal com o raio simbolizando esse movimento de "alguns ganham, outros perdem".

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Para finalizar o álbum, "Unconditional I (Lookout Kid)" traz uma homenagem ao filho de Win e Régine Chassagne ao traçar paralelos com "Wake Up", um dos grandes sucessos da banda, para falar de amor incondicional do casal para ele até o último dia, e esse amor, segundo eles, poderia servir para toda humanidade no futuro em "Unconditional II (Race and Religion)", com participação de Peter Gabriel, para encerrar com a mensagem de esperança da faixa-título.

Assim como o disco anterior, é um trabalho com três músicas realmente boas e o resto varia entre o ok e o irregular. Apesar da temática realmente boa, o trabalho não embala e fica sempre em segunda marcha o tempo inteiro, sem fisgar o ouvinte por muito tempo. O show no Coachella mostrou que algumas faixas têm muito potencial ao vivo, enquanto as outras serão esquecidas.

Tracklist:

1 - "Age of Anxiety I"
2 - "Age of Anxiety II (Rabbit Hole)"
3 - "Prelude"
4 - "End of the Empire I–III"
5 - "End of the Empire IV (Sagittarius A*)"
6 - "The Lightning I"
7 - "The Lightning II"
8 - "Unconditional I (Lookout Kid)"
9 - "Unconditional II (Race and Religion)" (featuring Peter Gabriel)
10 - "We"

Avaliação: bom

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