Resenha: Arcade Fire – Everything Now


Banda lançou o mais novo disco de estúdio na última sexta-feira

Das bandas indies que nasceram no início dos anos 2000, o Arcade Fire foi uma que ganhou proporções imensas e admiradores famosos ao longo dos anos seguintes. Se Funeral (2004) e Neon Bible (2007) foram discos de afirmação do grupo e de hits insuperáveis até os dias atuais, The Suburbs (2010) abriu espaço para um trabalho temático que abriu as portas do grupo para outros sons e gêneros. Isso continuou em Reflektor (2013), o registro mais ousado deles até o lançamento de Everything Now.

Assim como seus contemporâneos, o Arcade Fire não poupou esforços para entregar algo que eles achavam suficientemente bom ao público ao contar com cinco produtores – Thomas Bangalter, Geoff Barrow, Markus Dravs, Eric Heigle e Steve Mackey –, além da própria banda. "Everything_Now (Continued)" abre o disco, que começa de verdade na dançante faixa título. Vendida como uma espécie de ABBA indie, "Everything Now" é uma boa canção de apelo pop para todos os gostos – quem é fã vai gostar, quem não é tem a chance de dançar sem perceber em lugares públicos.

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"Signs of Life" mantém o ritmo da anterior em uma letra sobre individualidades e como a busca por alguma coisa nem sempre resulta em algo bom – no caso aqui, há uma disputa entre o sexo casual e o amor eterno. Há elementos musicais já usados nos dois últimos registros, então não causa estranheza vê-los aqui. Em "Creature Comfort" temos o encontro do ABBA com The Cure. O ideal aqui é dançar como os góticos em South Park e pensar na mensagem da letra sobre fama, e como isso pode afetar a cabeça de alguém para sempre.

Se "Peter Pan" a famosa história é usada para falar de amor, e aqui o Arcade Fire peca por quebrar completamente o ritmo do disco. A faixa tem um tom experimental estranho, porque nem é algo bom, nem chega perto dos melhores momentos deles quando exploram novas sonoridades. "Chemistry" soa uma continuação da anterior, só que em um reggae que não funciona bem por ter os defeitos da atual música pop: é grudenta em excesso e apela muito ao refrão com vocal dobrado para dar uma falsa sensação de força.

A dupla "Infinite Content" e "Infinite_Content" são iguais na mensagem sobre consumismo nos tempos atuais – o conteúdo infinito –, mas diferentes na maneira de transmiti-la. Uma é rápida e beira o punk; outra é uma balada lenta. São duas maneiras de passar a mesma mensagem em um tempo curto, enquanto "Electric Blue" traz Régine Chassagne no vocal principal nessa balada oitentista e uma pequena mostra de como o sintetizador faz parte da vida desse novo momento do Arcade Fire.

A fama tratada no disco leva às últimas consequências em "Good God Damn", quando o suicídio é cogitado pela moça retratada, mas a fé em Deus a faz reconsiderar. Aqui temos mais uma quebra de ritmo desnecessária em que o momento melancólico aparece sem muito sentido – essa faixa faria sentido logo após "Creature Comfort". Encaminhando o final, "Put Your Money on Me" trata de dinheiro novamente em uma faixa mais pesada nos arranjos, enquanto "We Don't Deserve Love" é uma balada razoável, porém fora de lugar aqui. E "Everything Now (Continued)" encerra o álbum.

O Arcade Fire investiu tempo em mais um disco conceitual em que o problema está na escolha de algumas faixas que poderiam ter ficado de fora. Isso dá alguns pontos negativos ao trabalho pela quebra de ritmo – diferente de The Suburbs e Reflektor, discos sem isso. Explorar coisas novas também não tem problema, mas a banda não conseguiu acertar a mão no que tentou de novo e foi bem no que sabe. Esse álbum não é um desastre como pintam, porém está longe do melhor. Não é difícil prever que pouca coisa será aproveitada nos shows futuros. Tomara que eles ainda tentem inovar no próximo. E que aprendem com essas derrapadas.

Tracklist:

1 - "Everything_Now (Continued)"
2 - "Everything Now"
3 - "Signs of Life"
4 - "Creature Comfort"
5 - "Peter Pan"
6 - "Chemistry"
7 - "Infinite Content"
8 - "Infinite_Content"
9 - "Electric Blue"
10 - "Good God Damn"
11 - "Put Your Money on Me"
12 - "We Don't Deserve Love"
13 - "Everything Now (Continued)"

Nota: 3/5



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