Discos para história: C'est Chic, do Chic (1978)


Trabalho foi o segundo LP da banda, que explodiu no mundo com o single "Le Freak"

História do disco

Dentre os muitos fenômenos da disco music surgidos em meados dos anos 1970, alguns conseguiram sucesso efêmero, outros duraram muito, mas nenhum foi igual ao Chic. Capitaneado por Bernard Edwards e Nile Rodgers, o grupo fez história ao conseguir mesclar o melhor do gênero que inundou as pistas de dança com o soul e R&B, e eles acabaram criando algo único e difícil de reproduzir por outras bandas.

Amigos desde o início da década, Edwards e Rodgers começaram o projeto de banda em 1976, mas eles passaram por um grupo vocal chamado New York City, pelo grupo de jazz-rock fusion chamado Big Apple Band e banda de apoio da cantora Carol Douglas. Tudo isso deu a eles a melhor escola para quem deseja ter sucesso: a vida na estrada.

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O caminho para o sucesso não foi fácil. O single "Dance, Dance, Dance (Yowsah, Yowsah, Yowsah)" estourou nas paradas de sucesso no fim de 1977, mas antes foi recusado por várias gravadoras em Nova York até ser comprado pela pequena Buddha. Então veio a Atlantic e, enfim, eles estavam em selo grande – a faixa foi regravada e relançada e conseguiu chegar ao top 10. O primeiro disco, com o nome da banda, foi um sucesso quase imediato e garantiu "Everybody Dance" nas paradas no início de 1978.

Isso deu ao Chic moral e dinheiro para gravar o segundo disco ainda nos primeiros dias do novo ano. Mas apesar do crescente sucesso nas pistas de dança, a banda ainda não era valorizada suficientemente para ter um contrato à altura de quem estava no mesmo nível ou um degrau abaixo. Em entrevista ao site ‘The Quietus, Rodgers fala abertamente sobre o racismo embutido nisso tudo.

“Em todo os Estados Unidos, que tem milhões e milhões de pessoas negras, a meu ver – e não gosto de citar estatísticas, mas acho que estou bem perto da precisão –, provavelmente há apenas duas bandas negras com acordos de gravação adequados. Uma deles é o The Roots, e é claro que eles têm, eles estão em um programa de TV. Eles estão na TV todas as noites! No entanto, obviamente, há bandas negras, talvez no campo do jazz, nesse mesmo nível”, disse.

“Mas o que quero dizer é que, dentro da grande indústria, há provavelmente apenas duas. É incrível pensar que na história da música negra sempre vem uma banda negra seguida de outra sem que isso mude”, completou.

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Muito do sucesso do Chic vem do fato de dupla criativa não querer ser estrela ou aparecer mais do que os outros. Ao contrário, muitas das pessoas que passaram pela banda e sairam foram ajudada nas respectivas carreiras. E isso impulsionou convites aos dois para produzirem discos de outros artistas.

“C'est Chic” foi lançado em 11 de agosto de 1978 foi um estouro, arrastado pelo single arrasa-quarteirão “Le Freak”. Foram cinco semanas na primeira posição das paradas, sendo o single mais vendido da história da Atlantic até hoje e o único disco triplo de platina da gravadora.


Resenha de “C'est Chic”

A guitarra inconfundível de Nile Rodgers abre o disco em "Chic Cheer", uma espécie de abertura da pista de dança com uma faixa bem leve, mas dançante na medida certa para ir aquecendo o público. Aqui é possível perceber a habilidade da dupla criativa do Chic em conseguir uma melodia envolvente e que não sai da cabeça.

Mas o grande single do disco é "Le Freak", inspirada em uma situação ruim passada por Nile Rodgers e Bernard Edwards quando tentavam entrar no Studio 54, boate que era o que os jovens chamariam hoje de “top”. Furiosos por terem sido barrados, eles escreveram uma música no mesmo dia chamada "Fuck off!". Horas depois, mudaram para “Freak Off” para, por fim – como Rodgers mesmo disse, quando a “lâmpada acendeu –, chamá-la de “Le Freak”. Virou um clássico instantâneo, o primeiro single a liderar a parada do top 100 em três épocas diferentes do ano.



A longa faixa instrumental "Savoir Faire" mostra como, além de dançante, o Chic era sensualidade pura. Quando você nem percebia, já estava completamente envolvido com a música, enquanto "Happy Man" retoma com o lado mais animado do álbum com um refrão e melodia bem grudentos.

"I Want Your Love" abre o lado B sendo bem disco, bem ao estilo que reinava na época. Isso refletia no vocal bem sensual de Alfa Anderson, algo também comum naqueles dias, quando encontraram uma maneira bem discreta para falar sobre sexo – o verso “Just one chance and I will show you love/ Like no other, two steps above/ On your ladder I'll be a peg/ I want your lovin', please don't make me beg” deixa isso bem claro. E "At Last I Am Free" traz um lado mais melancólico para falar sobre liberdade. Para finalizar, o disco apresenta a animada "Sometimes You Win" e "(Funny) Bone", que traz um recado: “Just one more thing/ Remember the whole world's a circus/ Don't you be the clown”.

Esse disco é espetacular do início ao fim e reflete bem sua época, mas a produção não soa datada. Bernard Edwards e Nile Rodgers ganharam fama e começaram a produzir para os mais diversos artistas a partir daquele momento. A vida deles não seria mais a mesma.



Ficha técnica

Tracklist:

Lado A

1 - "Chic Cheer" (4:42)
2 - "Le Freak" (5:23)
3 - "Savoir Faire" (5:01)
4 - "Happy Man" (4:17)

Lado B

1 - "I Want Your Love" (6:55)
2 - "At Last I Am Free" (7:08)
3 - "Sometimes You Win" (4:26)
4 - "(Funny) Bone" (3:41)

Todas as faixas foram compostas por Bernard Edwards e Nile Rodgers

Gravadora: Atlantic
Produção: Bernard Edwards e Nile Rodgers
Duração: 41min23s

Alfa Anderson: vocal em "Le Freak", "I Want Your Love", "At Last I Am Free" e "Sometimes You Win"
Luci Martin, David Lasley e Luther Vandross: vocal de apoio
Bernard Edwards: vocal em "Happy Man" e "Sometimes You Win" e baixo
Nile Rodgers: guitarra e vocal de apoio
Tony Thompson: bateria
Diva Gray: vocal em "Le Freak"
Robert Sabino: piano, teclado e clavinete
Andy Schwartz: clavinete, teclado e piano em "At Last I Am Free"
Raymond Jones: teclado Fender Rhodes
Sammy Figueroa: percussão
Jose Rossy: carrilhão de orquestra
Marianne Carroll, Cheryl Hong e Karen Milne (The Chic Strings): instrumentos de corda
Jon Faddis e Ellen Seeling: trompete
Alex Foster e Jean Fineberg: saxofone
Barry Rogers: trombone
Gene Orloff: maestro da orquestra



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