Resenha: Lorde – Melodrama


É o segundo disco cheio da cantora, primeiro em quatro anos

Lorde surgiu como um meteoro na música com Pure Heroine (2013) ao explodir com a grudenta "Royals". Desde então, ela ganhou muitos prêmio, começou a frequentar a roda dos músicos, cantores e cantoras famosos e acabou por virar um deles. O anúncio de seu mais novo trabalho, Melodrama, foi cercado de expectativa – afinal, eram quase quatro anos sem material inédito.

O disco começa com o primeiro single lançado. "Green Light" consegue ser poderosa e dançante e é um acerto tê-la no começo exatamente por esses motivos, e por ser grudenta o suficiente para fazer o ouvinte ir até o final do trabalho para saber se há mais faixas parecidas com ela. "Sober", a segunda faixa, soa um material do disco anterior rearranjado para esse – spoiler: funciona muito bem ao manter o padrão.

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Da primeira até a terceira ("Homemade Dynamite"), o ritmo do disco vai diminuindo e ficando mais intimista, mas, ao mesmo tempo, mostra uma Lorde mais madura no sentido sexual. Ela não é mais a garota de 2013; agora é uma mulher. Essa faixa co-escrita com a cantora Tove Lo mostra bem esse novo momento, enquanto "The Louvre" também traz muito da influência do primeiro álbum, porém também com um arranjo diferente, ao usar o nome do famoso museu como uma metáfora para antiguidade.

Lorde ampliou seu repertório ao colocar a balada no piano "Liability". Aqui, há uma valorização na voz da cantora nunca antes vista. E tudo isso é aliado com um arranjo leve e uma letra de teor muito pessoal – elementos nunca usados dessa forma. Em "Hard Feelings/Loveless" temos uma cantora com duas caras: uma ainda triste pelo fim de um longo namoro; outra celebrando a vida nova cheia de possibilidades.

"Sober II (Melodrama)" é muito mais dramática do que a primeira parte, o que faz sentido levar o título do álbum. Essa faixa soa como o início do fim da festa com um tom bem dramático, enquanto "Writer in the Dark" é mais uma balada no piano para lamentar a separação ao mesmo tempo em que reafirma seguir em frente. Na parte final do disco, aparece a dançante "Supercut" com a capacidade de não deixar ninguém parado ao ser a típica faixa moderninha na balada dos jovens; "Liability (Reprise)", uma versão diferente da apresentada primeiro ao ter um arranjo muito mais denso; e "Perfect Places" encerra com Lorde apontando as imperfeições da vida, apesar de as experiências ficarem para sempre na memória.

Lorde conseguiu evoluir com relação ao seu primeiro disco cheio ao estar ainda mais madura nas letras e nos arranjos. Mas, ao contar com nove produtores e diversos arranjadores e engenheiros de som, dificilmente esse álbum ficaria ruim. Ela é um dos exemplos dessa nova música pop em que é muito mais fácil contratar um produtor para cada faixa do que passar por aquela experiência de trabalhar com a mesma pessoa por horas no estúdio. É um ótimo disco que mostra bem o comportamento atual da música – mais indústria do que nunca.

Tracklist:

1 - "Green Light"
2 - "Sober"
3 - "Homemade Dynamite"
4 - "The Louvre"
5 - "Liability"
6 - "Hard Feelings/Loveless"
7 - "Sober II (Melodrama)"
8 - "Writer in the Dark"
9 - "Supercut"
10 - "Liability (Reprise)"
11 - "Perfect Places"

Nota: 4/5



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