Discos para história: The Atomic Mr. Basie, de Count Basie (1958)


Trabalho é considerado o último de alto nível do pianista

História do disco

Em 1958, Count Basie (1904-1984) não tinha o mesmo sucesso dos anos 1930. Naquela época, ele foi considerado o precursor do que ficou conhecido como swing, um subgênero do jazz feito com improvisos e solos no arranjo. Isso deu liberdade criativa a muitos nomes do gênero, entre eles Basie. Ele não era um compositor nato como alguns de seus contemporâneos, mas apostava no entrosamento e no talento de sua ‘big band’ para fazer a diferença. E como fez, tornando-se uma grande influência nos anos seguintes.

Mas a coisa mudou de figura nos anos 1940, quando a popularidade das ‘big bands’ não era mais a mesma e o sucesso foi minguando. Claro, isso teve dedo direto no tamanho da banda e, no início da década seguinte, Basie precisou desmontar o grupo com o qual atingiu o ápice como músico. Com muita força de vontade e sacrifício, em 1952, ele conseguiu remontar a banda e deu o nome de “New Testament Band – a antiga chamava-se “Old Testament Band”.

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O que impulsionou a carreira de Basie naquela década foi começar a fazer turnês internacionais. Ao estrear com shows na Escandinávia, ele viu um filão ainda inexplorado por ele nos primeiros anos da carreira. Com o avião se popularizando como meio de locomoção entre países, isso facilitou muito o trabalho de levar banda e instrumentos pelo mundo. A partir disso, ele e a banda começaram a fazer shows para reis, rainhas e chefes de estado ao redor do mundo, sendo o auge disso tudo um show para a recém-empossada rainha Elisabeth II, no Reino Unido.

Em 1957, Basie foi contratado pela gravadora Roulette e viu ali uma chance de fazer algo novo com sua nova banda. Mas, como não era compositor, quem chamar para orquestrar e compor o novo material. Foi aí que surgiu Neal Hefti. Ele havia trabalhado com Basie na formação da nova banda e conseguiu colocar no som algo mais moderno com um toque popular. Com esse currículo, foi a escolha natural para colaborar no novo álbum. E que álbum.

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“The Atomic Mr. Basie" é considerado por muitos o último grande trabalho de Basie em estúdio. Aclamado por público e crítica, o disco levou dois Grammys em 1958, na primeira edição da premiação. O pianista se acomodaria como um dos grandes do jazz até sua morte, em 1984, e Hefti deixaria a orquestração da banda em 1962 e focaria em uma carreira de compositor de trilhas de filmes em Hollywood. Ele foi substituído por Quincy Jones.


Resenha de “The Atomic Mr. Basie”

Começar um disco com "Kid from Red Bank" é só Count Basie poderia conseguir. Mesmo. Agitada do início ao fim e com vários improvisos ao longo de pouco menos de três minutos, a faixa é uma das melhores da discografia do pianista. É quase como se os músicos estivessem possuídos pelo diabo – ou algo perto disso. O LP muda completamente de ritmo em "Duet", uma canção sensual e pronta para entrar em qualquer filme dos anos 1950.

"After Supper" mostra o lado mais melancólico da banda, mas não é um melancólico triste. É algo mais reflexivo, daquele de pegar um copo, colocar uma dose de uísque, acender o cigarro e ficar pensando na vida, diferente de"Flight of the Foo Birds" e "Double-O". A quarta e quinta faixas do álbum retornam o clima mais festivo dos anos 1950 com muita energia, dessas contagiantes para quem gosta de jazz.



E você nem precisa gostar para ser colocado completamente dentro de algum musical dos anos 1950 com "Teddy the Toad", que traz até certo tom de comédia para o álbum. Como o disco é bem animado, de maneira geral, então o tom retorna em "Whirlybird" – o solo de trompete é o destaque em quase quatro minutos de faixa. A parte final reserva melancolia ("Midnite Blue" e "Lil' Darlin'"), algo mais reflexivo ("Splanky") e animado ("Fantail").

Por ser o último grande disco de Count Basie, o trabalho de todos merece ser reverenciado por todo músico minimamente interessado em conhecer a história do jazz. Basie foi um gênio, teve seu momento de queda, mas conseguiu se reerguer uma última vez para mostrar que ainda tinha fôlego para um último auge.



Ficha técnica

Tracklist:

1 - "Kid from Red Bank" (Basie, Neal Hefti)
2 - "Duet"
3 - "After Supper"
4 - "Flight of the Foo Birds"
5 - "Double-O"
6 - "Teddy the Toad"
7 - "Whirlybird"
8 - "Midnite Blue"
9 - "Splanky"
10 - "Fantail"
11 - "Lil' Darlin'"

Todas as faixas foram compostas por Neal Hefti, exceto a marcada

Gravadora: Roulette
Produção: Teddy Reig
Duração: 39min30s

Count Basie: piano

Convidados:

Wendell Culley, Snooky Young, Thad Jones e Joe Newman: trompete
Henry Coker, Al Grey e Benny Powell: trombone
Marshal Royal, Frank Wess, Eddie "Lockjaw" Davis, Frank Foster e Charles Fowlkes: palheta
Eddie Jones: baixo
Freddie Green: guitarra
Sonny Payne: bateria



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