Resenha: Tinariwen – Elwan


Grupo do Mali tem convidados de luxo em novo álbum de estúdio

Das bandas do norte da África, o Tinariwen, do Mali, conquistou o ocidente, mas, para começar a entender o tipo de música feito por eles, é preciso saber de onde eles vêm. Eles são tuaregues, um povo que se espalhou entre o sul da Argélia, norte do Mali e do Níger, sudoeste da Líbia e do Chade e, em menor número, em Burkina Faso e leste da Nigéria. Muçulmanos em sua maioria, são um povo que vive no deserto e têm uma língua e escrita específica.

A banda trata dessa vida, porém vai além ao retratar problemas sociais, econômicos e serem bem radicais em determinados assuntos. Emmaar (2014) não é o primeiro trabalho em estúdio, mas serviu para apresentá-los ao mundo. Elwan é o sétimo disco de estúdio, que contou com as participações especiais de Kurt Vile, Matt Sweeney, Alain Johannes e Mark Lanegan.

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"Tiwàyyen" abre o disco mostrando todo potencial instrumental do grupo, que conseguiu apresentar várias jams instrumentais ao longo de vários momentos do álbum. É possível ver muito do regionalismo local nessas partes e no andamento vocal muito característico. Mas tudo isso fica mais claro na seguinte, "Sastanàqqàm", quando ele falam de como é difícil a vida no deserto, muitas vezes enfrentada sem a família.

Em "Nizzagh Ijbal", a percussão é parte fundamental para entender a profundidade musical desse grupo tão diferente e de cultura tão específica, mas que não se furta em retratar a realidade de seu povo. E "Hayati" mostra como eles podem também ser um ótimo grupo vocal apoiado por uma parte instrumental precisa, igualmente boa na melancólica "Ittus".

O mundo, esse eterno duelo entre fracos e fortes, é retratado com tristeza em "Ténéré Tàqqàl", outra faixa em que tudo nela é muito melancólico, apesar dos vocais bem suaves. Se "Imidiwàn N-Àkall-In" soa uma espécie de blues africano, "Talyat", "Assàwt" e "Arhegh Ad Annàgh" retomam o ritmo do início. Para encerrar o disco, "Nànnuflày" surge com um riff de guitarra bem firme e sereno – os convidados aparecem com mais clareza aqui. Ainda tem as duas partes de "Fog Edaghàn", colocadas no álbum como 'ghost tracks'

Ficar conhecido no ocidente é para poucos, ainda mais vindo de uma região tão remota do continente africano, mas o Tinariwen conseguiu. Suas músicas transmitem uma clareza sobre assuntos mundanos que só poucos privilegiados conseguem traduzir em música a sua própria realidade. E eles fazem isso muito bem.

Tracklist:

1 - "Tiwàyyen"
2 - "Sastanàqqàm"
3 - "Nizzagh Ijbal"
4 - "Hayati"
5 - "Ittus"
6 - "Ténéré Tàqqàl"
7 - "Imidiwàn N-Àkall-In"
8 - "Talyat"
9 - "Assàwt"
10 - "Arhegh Ad Annàgh"
11 - "Nànnuflày"
12 - "Intro Flute Fog Edaghan"
13 - "Fog Edaghàn"

Nota: 4/5



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