Resenha: Aurelio – Darandi


Disco comemora os 30 anos de carreira do guitarrista

Aurelio Martinez é um dos grandes representantes, talvez o maior, da garífuna – um subgênero musical que usa delicadas melodias para, geralmente, tratar da vida difícil em países extremamente pobres. De povo do mesmo nome, a origem do ritmo é na Belize, um estado soberano na América Central, do século 17 – também faz muito sucesso nas vizinhas Honduras, Nicarágua e Guatemala. O guitarrista comemora 30 anos de carreira lançando Darandi, um disco com regravação de seus maiores sucessos.

Uma das reclamações de Martinez é como a cultura local está cada vez mais sendo substituída por outras coisas, principalmente pela influência dos Estados Unidos. Um bom exemplo de como o tipo de música tocada por ele é muito boa é "Dondo", a faixa de abertura. Misturando elementos claramente latinos, ele acrescenta uma percussão típica da África Central – mais cheia de ritmo – para fazer o povo dançar como se estivesse em algum tipo de ritual.

Veja também:
Resenha: Sepultura – Machine Messiah
Resenha: The xx – I See You
Resenha: Flaming Lips – Oczy Mlody
Resenha: Bob Dylan – Fallen Angels
Resenha: Mano Brown – Boogie Naipe
Resenha: Neil Young – Peace Trail
Resenha: Emeli Sandé – Long Live the Angels


Se "Yalifu" mantém o ritmo da anterior muito bem, "Yange" traz um riff de guitarra dos mais interessantes para dar o tom certo em uma faixa mais cadenciada do que as anteriores. E "Laru Beya" e "Sielpa" soam muito mais tradicional ao usar a percussão de uma maneira muito encantadora e cheia de vida.

"Dugu" ganha em ritmo e é difícil não sair dançando por aí, "Sañanaru" é outra com um tom de ritualismo muito mais profundo do que podemos imaginar, enquanto a melancólica "Lándini" faz refletir sobre o lugar de onde viemos e como, no processo de crescimento, à vezes, deixamos para trás certas coisas fundamentais para nosso amadurecimento.

"Funa Tugudirugu" (bem latina no ritmo, bem africana na percussão), "Narigolu" (a guitarra slide dá a suavidade necessária para acompanhar o tambor acelerado), "Lumalali Limaniga" (balada acústica de tons regionais das mais bonitas) e "Naguya Nei" (de mensagem positiva) amarram esse ótimo disco. Apesar de ser de regravações de sucessos, é interessante ver como é possível recriar um trabalho de maneira muito positiva. O ritmo é o grande destaque e fio condutor de uma mensagem sobre os problemas dos países pobres que ainda perduram depois de tantos anos.

Tracklist:

1 - "Dondo"
2 - "Yalifu"
3 - "Yange"
4 - "Laru Beya"
5 - "Sielpa"
6 - "Dugu"
7 - "Sañanaru"
8 - "Lándini"
9 - "Funa Tugudirugu"
10 - "Narigolu"
11 - "Lumalali Limaniga"
12 - "Naguya Nei"

Nota: 4/5



Gostou do post? Compartilhe nas redes sociais e indique o blog aos amigos!