Chris Potter é considerado um dos grandes saxofonistas da atualidade. O currículo do músico, nascido em Chicago, é de deixar muitos por aí com inveja: participações em discos ou turnês de nomes como Dave Holland, Herbie Hancock, John Scofield, Pat Metheny, Jim Hall, Wayne Krantz, entre outros.
Além de exercer o papel de sideman para outros artistas, Potter tem discos solo ou como líder de banda, no quarteto Underground – formado por ele, Craig Taborn (teclados), Adam Rogers (guitarra) e Nate Smith (bateria). O novo projeto do saxofonista conta com os companheiros de Underground, um quarteto de cordas, dois baixistas e o velho parceiro dos tempos de Dave Holland Quintet, Steve Nelson. Juntos, eles formam a Chris Potter Underground Orchestra, que acaba de lançar Imaginary Cities.
O termo ‘Orchestra’ não está no nome do projeto apenas como um enfeite. Pelo contrário, ele se aplica perfeitamente no conceito escolhido pelo músico para o disco. “Lament”, a faixa de abertura, começa com um belíssimo trecho comandado pelo quarteto de cordas, dando a impressão de que ali se inicia um concerto. Mas quando entra o saxofone de Potter e em seguida um solo de contrabaixo, a estrutura do jazz toma conta do pedaço, seguindo assim até o final – contando com solos inspiradíssimos de Potter no meio do caminho.
As quatro faixas seguintes são os movimentos da suíte “Imaginary Cities” – “Compassion”, “Dualities”, “Disintegration” e “Rebuilding” (sim, ainda estamos falando de um disco de jazz, apesar das terminologias). A combinação entre o quarteto de cordas e os demais instrumentos – leia-se a combinação “música clássica e jazz” – funciona perfeitamente. Tudo é muito bem encaixado e arranjado, sem soar como algo artificial – os quatro minutos finais de “Rebulding” são de cair o queixo. Méritos para os músicos e para a produção de Manfred Eicher.
A trinca final do disco foca mais no jazz, exceto por “Shadow Self”, que tem como destaque o protagonismo do quarteto de cordas e pende, portanto, para o lado da música clássica. As excelentes “Firefly” e “Sky” – a última é a mais longa do disco e a que encerra o álbum – são jams daquelas de fazer o ouvinte perder a noção do tempo e do espaço durante a audição.
São 71 minutos que passam voando e, quando terminam, fica aquela sensação de “já acabou?” e a vontade de recomeçar o disco. Pode parecer uma afirmação prematura, mas Imaginary Cities estará entre os melhores discos de jazz de 2015 – quiçá entre os melhores do ano no geral.
Tracklist:
1 - "Lament"
2 - "Imaginary Cities 1 Compassion"
3 - "Imaginary Cities 2 Dualities"
4 - "Imaginary Cities 3 Disintegration"
5 - "Imaginary Cities 4 Rebuilding"
6 - "Firefly"
7 - "Shadow Self"
8 - "Sky"
Nota: 5/5
Veja também:
Resenha: Sleater-Kinney – No Cities To Love
Resenha: Panda Bear - Panda Bear Meets the Grim Reaper
Resenha: The Decemberists - What a Terrible World, What a Beautiful World
Resenha: Roller Trio – Fracture
Resenha: Belle and Sebastian – Girls In Peacetime Want To Dance
Resenha: D’Angelo – The Black Messiah
Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram, no G+, no no Tumblr e no YouTube
Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!