Crítica: Mutiny in Heaven - The Birthday Party, de Ian White

Documentário assistido no In-Edit Brasil 2024, marcado para acontecer de 12 a 23/06

Tentar descrever o Birthday Party é como tentar falar sobre um fenômeno imprevisível, aquela coisa que acontece do nada, mas impressiona por muitos e muitos anos. De Melbourne, na Austrália, o grupo tinha como pilares o vocalista Nick Cave, o baixista Mick Harvey e o guitarrista Rowland S. Howard. E as apresentações viscerais acabaram entrando para história, um dos muitos pontos abordados no documentário “Mutiny in Heaven - The Birthday Party”, dirigido por Ian White.

Com depoimentos de todos os integrantes da formação mais conhecida, incluindo Howard, morto em 2009, o longa aposta na reconstrução de determinados momentos a partir de animações. E funciona muito bem, principalmente para situar a criação da banda, nascida ainda na escola por meio de um Cave cheio de energia e muito propício a fazer loucuras dentro e fora do palco. Quando o Boys Next Door, encarnação anterior do grupo, conheceu o Young Charlatans, com o jovem Rowland na guitarra, levou apenas um mês para ele sair e entrar na banda do novo melhor amigo Nick. Assim, nasceu o Birthday Party.

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Começava ali uma das histórias mais loucas da música e do pós-punk, com apresentações viscerais, sempre superando a anterior, e a parceria de Howard e Cave, celebrada até hoje por fãs e críticos como uma das melhores e mais valiosas dos final da década 1970 até o conturbado início dos anos 1980. White aposta que um documentário mais tradicional, sem firulas e direto funciona, deixando a loucura para própria banda contar, entre espantos e risos. Por exemplo, Harvey foi preso por roubo de carro e passou oito meses na cadeia, mas, apesar de parecer desregulado da cabeça em muito mais de um momento, era uma mente brilhante que lia todos os clássicos da literatura mundial de maneira voraz.

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Baseados em Londres em uma parte considerável do ano, todo mundo se mudou para Berlim, então capital da Alemanha Ocidental, em busca de novas inspirações. O problema é que lá o vício em drogas de Howard e Cave só aumentava, com o uso de heroína cada vez pior. Quando o primeiro não se sentia agraciado na banda com as próprias composições, enquanto o segundo encontrava o estilo que o consagraria nos 40 anos seguintes, o Birthday Party simplesmente acabou. De saco cheio do público, da gravadora e deles mesmos, o fim soou com uma benção, uma libertação de uma prisão que pouco rendeu nos seis meses finais.

Apostar no básico faz de “Mutiny in Heaven - The Birthday Party” um documentário para conhecer mais detalhes dos bastidores e o passado de um dos grupos mais influentes dos últimos 50 anos. Isso ajuda a entender como Nick Cave virou o artista celebrado na década seguinte e além, e como Rowland S. Howard virou um músico endeusado por muita gente até hoje.

Avaliação: bom

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