Crítica: Thank You, Goodnight - A História de Bon Jovi, de Gotham Chopra

Jon Bon Jovi passou por poucas e boas antes de conseguir o sucesso. Teve banda cover, trabalhou um bocado em composições e tentou ser vocalista de outra banda até conseguir o emprego de faz-tudo no estúdio onde o primo trabalhava, o produtor Tony Bongiovi. Acabou aprendendo como funciona um estúdio de gravação a pleno vapor e conheceu vários artistas famosos do início dos anos 1980. Até conseguir o próprio estrelato com o Bon Jovi. “Thank You, Goodnight - A História de Bon Jovi”, minissérie disponível em quatro episódios no Star+, traz essas e outras histórias.

Nascido em Nova Jersey, lugar que deu ao mundo Bruce Springsteen, John Bongiovi não nasceu em berço de ouro, mas, diferentemente de muitos colegas, tinha alguma perspectiva de futuro. Ao se interessar por música, tudo muda e ele parte em busca do próprio sonho. E, como bem sabemos, conseguiu realizá-los ao tornar a banda uma das maiores e mais famosas dos últimos 40 anos. Em meio a isso, precisamos lidar com os problemas vocais dele, cada vez piores e com menos soluções médicas para melhora rápida.

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Por quase cinco horas, tempo excessivamente longo se lembrarmos que “Get Back” tem quase oito horas e estamos falando dos Beatles, vemos Jon Bon Jovi lutando, lamuriando e reclamando desses e de outros problemas, colocando em dúvida a própria capacidade de retorno aos palcos. É muito tempo de choramingo pelos cantos da mansão onde mora, fazendo tratamentos caríssimos e no porão, provavelmente do tamanho da minha casa, local onde estão todos os arquivos musicais e visuais do grupo. Outro ponto baixo é ele ser entrevistado em um estúdio, com a luz posicionada para transformá-lo em uma espécie de Deus acima dos outros mortais do Bon Jovi, entrevistados em estúdios ou nas próprias casas.

Quando isso toma uma parte razoável de cada episódio, há menos espaço para falar sobre o grupo. Os elementos principais estão lá, praticamente todo mundo que esteve envolvido dá depoimento, mas tudo soa com o freio de mão puxado. Por exemplo, nenhuma história escabrosa é contada (“fizemos tudo que uma banda fez” é muito aleatório e pouco específico), e Jon sempre soa como se estivesse escondendo alguma coisa ou não contando toda verdade, deixando para os outros o papel de falar a real ou algo próximo disso. O guitarrista Ritchie Sambora disse recentemente que a série é sobre o cantor, não sobre a banda. Ele não está errado.

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Com isso, os outros integrantes são resumidos a meros participantes passivos em como ele lutou para deixar tudo de pé, na responsabilidade em tomar conta deles e como se viu em várias encruzilhadas a ponto de quase desistir. Há pouquíssimo espaço para falar sobre música, composições e o trabalho mais pesado para chegar até ali. A saída de Sambora é amplamente falada, principalmente pelo milagre do reconhecimento que muito do Bon Jovi se deve ao agora ex-amigo. Mas ainda é muito pouco. Por isso, o trabalho do diretor Gotham Chopra é muito aquém do esperado, principalmente por não colocar limites em Jon nos momentos mais entediantes.

Em um exercício ególatra com horas em excesso, mas ainda com boas imagens de arquivo e alguns bons depoimentos, “Thank You, Goodnight - A História de Bon Jovi” poderia ser muito menor, menos focada em Jon e mais no Bon Jovi. Que eles são sobreviventes e souberam se reinventar ao passar dos anos, disso ninguém tem a menor dúvida. O problema é quando o dono da banda acha que está fazendo um favor ao mundo em contar a história do próprio sofrimento.

Avaliação: regular

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