Resenha: Julia Holter - Aviary


Cantora partiu para lado experimental em trabalho com quase 90 minutos de duração

"Have You In My Wilderness" (2015) é um dos melhores trabalhos de Julia Holter e, com razão, frequentou algumas das listas de melhores discos daquele ano. Até pelo sucesso do álbum, a cantora levou bastante tempo para anunciar o mais novo disco de estúdio. Lançado no final de outubro, "Aviary", quinto disco de estúdio, surpreende logo de cara por ter quase 1h30 de duração - dez das 15 músicas passam dos seis minutos de duração.

O disco começa com a estranha e intensa "Turn the Light On", que mostra um caminho diferente de Holter nas composições. Quer dizer, o lado melancólico ainda impera nas letras, mas os arranjos ganharam outra cara. Parece que ela foi possuída pela Björk no quesito misturar todo tipo de instrumento para criar algo único. Completada por "Whether", essa sequência de duas canções curtas consegue se conectar bem - tudo à sua maneira, claro.

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Muito diferente das duas primeiras, "Chaitius" abre como um uma ópera experimental cheia de nuances e efeitos, e vai encantar quem gosta desse tipo de música, depois passa para algo que pode ser definido como um "bem-vindo ao maravilhoso mundo de Julia Holter". Isso é complementado por "Voce Simul" e "Everyday Is an Emergency".

O segundo terço do trabalho começa com "Another Dream" com seu tom de dream pop, beirando o religioso, traz para o álbum uma tentativa de conforto dentro do que já foi passado antes, enquanto "I Shall Love 2" trabalha com algo mais melancólico e romântico em um arranjo que também apela para algo mais próximo do gospel. E "Underneath the Moon" trabalha em uma linha ainda mais estranha e experimental, então não se assuste.

Essa parte termina com a cheia de efeitos e nuances "Colligere" e "In Gardens' Muteness", essa mais comum e mais dentro de algo que uma pessoa não afeita ao lado experimental tem mais chance de gostar e ouvir mais de uma vez. Por fim, a terceira parte mantém - mais ou menos - o ritmo da faixa anterior ao começar com "I Would Rather See". O uso do sintetizador é claro nessa faixa, algo que lembra muito o trabalho de sucesso feito por Nick Cave e o Bad Seeds nos últimos anos. Mas, calma, o lado estranho retorna "Les Jeux to You".

A bonita "Words I Heard" é uma das melhores do álbum, já "I Shall Love 1" coloca de novo o lado instrumental de maneira a deixar o ouvinte quase com uma sensação de estar contra a parede. E a voz da cantora, cheia de efeitos, ajuda nesse efeito. O disco acaba com "Why Sad Song" que, como o próprio nome diz, é bem triste.

É um disco muito logo e, como todo trabalho do tipo, tem altos e baixos ao longo de quase 90 minutos de audição. Mas, mesmo assim, o resultado é muito mais positivo do que negativo e mostra como Julia Holter expandiu os horizontes musicais nesses últimos anos. Ela deu um passo importante para mudar a sonoridade, definitivamente.

Tracklist:

1 - "Turn the Light On"
2 - "Whether"
3 - "Chaitius"
4 - "Voce Simul"
5 - "Everyday Is an Emergency"
6 - "Another Dream"
7 - "I Shall Love 2"
8 - "Underneath the Moon"
9 - "Colligere"
10 - "In Gardens' Muteness"
11 - "I Would Rather See"
12 - "Les Jeux to You"
13 - "Words I Heard"
14 - "I Shall Love 1"
15 - "Why Sad Song"

Avaliação: muito bom




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