Resenha: Kurt Vile – Bottle It In


Compositor segue em músicas imersivas no oitavo disco de estúdio

O som que Kurt Vile faz não é novo, mas tem uma beleza dessas quase hipnotizante. Vindo de um disco em parceria com Courtney Barnett (clique aqui e leia a resenha) e de três anos do último disco de estúdio solo (aqui para ler a resenha), o ex-membro do War on Drugs segue fazendo uma música encantadora para quem gosta de climas e imersão, quase um convite à pura meditação musical. “Bottle It In” é o oitavo disco solo, o quinto nessa década.

Dentre as 13 faixas do álbum, "Loading Zones" é a mais palatável para todo tipo de público. Ao apostar em um formato folk com banda de fundo, Vile consegue chamar a atenção para qualquer um continuar a audição depois de ouvi-la. E isso é bem importante, principalmente quando a escolhida para aparecer logo depois é "Hysteria". A segunda faixa do disco é um aquecimento do que estar por vir, ainda que não seja tão experimental quanto algumas.

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Mas antes de começar a loucura, surge a dançante "Yeah Bones" e surpreende por ser... dançante – a letra tem um tom catastrófico, mas quem liga quando se pode dançar, não é mesmo? O clima imersivo do disco começa em "Bassackwards" e seus efeitos estranhos por quase dez minutos, e continua na bonita e melancólica "One Trick Ponies".

Um ponto em comum nesse disco é que as canções mais fáceis acabaram sendo as mais curtas, e isso ganha bastante força com a bonita "Rolling With the Flow". E ser mais fácil não significa ser de qualquer jeito, já que o arranjo dessa música é dos mais bonitos entre os feitos por Vile na carreira. Se "Check Baby" te envolve pelo arranjo e pela história, a faixa-título é das mais melancólicas justamente em um momento em que o compositor aproveita para usar instrumentos não convencionais no arranjo – sim, tem uma harpa que dá o tom da faixa.

Vile consegue tocar em temas importantes como saúde mental e tecnologia ("Mutinies"), usa a transição entre as estações do ano para falar de como temos várias vidas em uma ("Come Again") em um formato country-folk dos melhores e fala do frio para falar sobre sentimentos ("Cold Was the Wind").

O disco encerra com "Skinny Mini" em que Vile apresenta o perfil de uma garota “pouco magricela, um pouco desconcertante e fala selvagem” em um tom bem experimental e com a instrumental "(Bottle Back)".

Kurt Vile segue fazendo o que sabe de melhor, e isso é uma ótima notícia para quem gosta de seu trabalho. Para quem não conhece, esse parece ser o disco ideal para arriscar uma orelhada.

Tracklist:

1 - "Loading Zones"
2 - "Hysteria"
3 - "Yeah Bones"
4 - "Bassackwards"
5 - "One Trick Ponies"
6 - "Rolling With the Flow"
7 - "Check Baby"
8 - "Bottle It In"
9 - "Mutinies"
10 - "Come Again"
11 - "Cold Was the Wind"
12 - "Skinny Mini"
13 - "(Bottle Back)"

Avaliação: muito bom




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