Guerra comercial entre Estados Unidos e China afeta fabricação de sintetizador Moog


Tradicional empresa pede ajuda dos consumidores para diminuição de tarifas

Até 1978, a China era um país voltado apenas para si mesmo, fechado para o comércio exterior e muito pobre em diversos aspectos. Ao longo dos anos, começando no período em que Li Xiannian (1909-1992) virou Ministro das Finanças até chegar ao posto de presidente e líder do Partido Comunista, muita coisa mudou na relação entre chineses e o Ocidente de maneira geral.

Um dos fatores que ajudou a transformar a China na maior economia do mundo – no levantamento feito em 2016 – foi o barateamento na fabricação de peças. Com isso, várias empresas abandonaram parte ou completamente seus países de origem para levar suas fábricas ao país asiático para conseguir preços mais baixos e competitivos. Uma delas foi a fabricante de sintetizadores Moog.

Fundada em 1953 por Robert Moog (1934-2005), a empresa ficou conhecida por fabricar instrumentos eletrônicos. Ao longo dos anos, ganhou reconhecimento ao ser usado por músicos de diferentes gêneros e estilos ao longo das últimas décadas. Claro, também transferiu parte da fabricação de seus instrumentos para China pelos mesmos motivos de qualquer outra empresa: conseguir preços mais competitivos nas peças para tentar o máximo de lucro.

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No início do mês, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump iniciou uma guerra comercial contra a China. Cumprindo a promessa feita durante a campanha eleitoral, ele autorizou uma série de cobranças alfandegárias em 818 produtos importados do país, totalizando US$ 34 bilhões (R$ 133 bilhões) em novos impostos – 25% de aumento.

A Moog Music, dona do conglomerado que fabrica esses instrumentos, também entrou na roda e sofre as consequências dessa guerra comercial. Recentemente, em comunicado enviado aos clientes, a empresa pede ajuda para lidar com esse grande problema (clique aqui para ler a carta na íntegra no original).
Querida Família Moog,

Nós precisamos da sua ajuda.

Espera-se que uma taxa de importação nas placas de circuito e componentes associados vindos da China entre em vigor em 6 de julho de 2018.

Essas tarifas aumentarão imediatamente o custo da construção de nossos instrumentos, terão o potencial real de nos forçar a despedir trabalhadores e poderão -- na pior das hipóteses -- exigir a transferência de nossa fábrica para o exterior.

Há uma coisa que todos nós podemos fazer juntos para tentar impedir isso: escreva para nossos congressistas eleitos.

Pedimos que você nos apoie, pedindo aos nossos representantes eleitos que reconheçam que essas tarifas são prejudiciais para empresas americanas como a Moog.

O impacto não foi sentido em produtos do cotidiano, como celulares, mas nas fábricas. Claro que a China rebateu na mesma moeda e também subiu o preço de mais de 500 produtos vindos dos Estados Unidos na mesma porcentagem. Quase um mês após entrar em vigor, não há o menor sinal de negociação que faça qualquer lado ceder. Recentemente, em meio a essa briga, a moeda chinesa foi desvalorizada 8% perante ao dólar, movimento que gerou reclamações da Casa Branca.

Há um sério risco de a empresa precisar mudar-se para algum país da Europa ou até mesmo para China. Assim como o Brexit afetará a importação de instrumentos e equipamentos para o Reino Unido e colocará mais burocracias aos músicos para fazer turnês pela Europa, a guerra comercial fatalmente chegará no mais básico dos instrumentos musicais. Resta saber se haverá um final satisfatório, já que aprendemos que é impossível ter um final feliz em guerras comerciais.


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