Resenha: Morrissey – Low in High School


É o 11º álbum de estúdio do cantor inglês

Morrissey, 58, segue tentando chamar atenção de todas as maneiras para promover seu novo trabalho. Low in High School, sucessor do muito bom World Peace Is None of Your Business (2014), surge em um momento muito diferente do anterior. Se o cantor estava há cinco anos sem lançar material inédito, em 2017 ele está envolvido em mais polêmicas do que pode carregar – o que é sempre um problema na hora de promover o trabalho.

"My Love, I'd Do Anything for You" abre o trabalho de maneira como Morrissey nos acostumou ao longo de quase 40 anos de carreira: uma faixa sobre uma relação amorosa com indiretas a algo ou alguém – no caso, aos veículos de comunicação. Os problemas do álbum começam a aparecer em "I Wish You Lonely", canção com temas muito batidos por parte do cantor. Fora que é pouco inspirada e não tem nada que chame atenção.

Veja também:
Resenha: Julien Baker – Turn Out the Light
Resenha: Weezer – Pacific Daydream
Resenha: St. Vincent – Masseduction
Resenha: Beck – Colors
Resenha: Courtney Barnett e Kurt Vile – Lotta Sea Lice
Resenha: Tim Bernardes – Recomeçar
Resenha: Liam Gallagher - As You Were



Gosto mais quando ele usa a metáfora para atacar decisões, como a Jacky de "Jacky's Only Happy When She's Up on the Stage" ser o símbolo para a saída do Reino Unido da União Europeia. Apesar de o tom épico soar um pouco exagerado, é uma faixa que tem muito potencial para os shows. "Home Is a Question Mark" é regular, mas é inegável que "Spent the Day in Bed" foi uma ótima escolha para single e tem boas chances de sobreviver ao teste do tempo.

Um outro problema, esse aparece mais claramente em "I Bury the Living", é que algumas canções foram esticadas por muito tempo. Em seus mais de sete minutos, dava para ter colocado, pelo menos, um minuto e meio a menos. A decisão de fazer uma faixa tão longa prejudicou o bom potencial dela, assim como em "In Your Lap" – Morrissey tenta soar um Elton John mais sombrio, mas só parece um tio bêbado no karaokê.

Quando quis ser um pouco mais criativo e sair da mesmice, a ótima "The Girl from Tel-Aviv Who Wouldn't Kneel" surge como um alento em meio a várias faixas sem graça. A seguinte, "All the Young People Must Fall in Love", traz um bom recado, mas, de novo, dava para ser um pouco mais curta e um pouco mais inspirada. E "When You Open Your Legs" não deveria nem ter entrado no disco de tão genérica e sem graça que é, diferente de "Who Will Protect Us from the Police?" – que é só sem graça mesmo. Por fim, "Israel" tenta colocar um tom apocalíptico, porém não dá certo por também faltar algo a mais.

Morrissey apresentou ao mundo seu trabalho menos inspirado e cheio de clichês. Duas faixas se sobressaem e acabam sendo um alento no meio do resto, que trazem assuntos, arranjos e letras batidos e sem muita inspiração. Talvez a ânsia por ser verborrágico tenha atrapalhado um pouco o desenvolvimento e aperfeiçoamento de algumas potenciais boas faixas. O ano de 2017 será o ano em que ele será lembrado mais pelas declarações desastrosas do que por sua música.

Tracklist:

1 - "My Love, I'd Do Anything for You"
2 - "I Wish You Lonely"
3 - "Jacky's Only Happy When She's Up on the Stage"
4 - "Home Is a Question Mark"
5 - "Spent the Day in Bed"
6 - "I Bury the Living"
7 - "In Your Lap"
8 - "The Girl from Tel-Aviv Who Wouldn't Kneel"
9 - "All the Young People Must Fall in Love"
10 - "When You Open Your Legs"
11 - "Who Will Protect Us from the Police?"
12 - "Israel"

Nota: 2/5



Saiba como ajudar o blog a continuar existindo

Gostou do post? Compartilhe nas redes sociais e indique o blog aos amigos!