Resenha: Morrissey – World Peace Is None of Your Business


Cinco anos depois de seu ultimo álbum, Morrissey não mudou nada. O ex-vocalista dos Smiths continua se envolvendo em polêmicas e segue falando tudo que vem a cabeça, com a diferença que até autobiografia ele lançou ano passado. Com o título de World Peace Is None of Your Business, o décimo trabalho de estúdio do cantor parece ser explosivo. Será?

Se a paz mundial não é da nossa conta, Moz trata disso com uma fina ironia na ótima "World Peace is None of Your Business". Um exemplo disso é o trecho da letra que diz World peace is none of your business/ Police will stun you with their stun guns/ Or they'll disable you with tasers/ That's what Government's for/ Oh oh, you poor little fool, claramente apontando o dedo para o governo e todas as coisas que envolvem a administração pública. Na parte final, ele cita Brasil, Bahrein, Egito e Ucrânia, países que sofreram/sofrem problemas de cunho popular no último ano.

Mudando de assunto, "Neal Cassady Drops Dead" parece um tipo de poesia que virou música sem nexo, mas, nem por isso, deixa de ser interessante – mesmo sem dizer absolutamente nada. Em "I'm Not a Man", Morrissey mostra seu orgulho em não ser um “homem de verdade” por não comer carne, não se importar com esportes e muito menos ser “comum” (ter um emprego, engordar, casar) em uma declaração com uma bela melodia.

Se as três primeiras faixas não tem muita cara de single, "Istanbul" é o que Moz precisa para divulgar seu novo trabalho por ela ser exatamente o que ele sabe fazer de melhor: uma canção melosa, cheia de clichês e com cara de Fábio Júnior inglês. A surpreendente mistura de ritmos latinos em "Earth Is the Loneliest Planet", quase um decreto sobre o mundo, dá a impressão que essa faixa pode aparecer em posts de autoajuda no Facebook a qualquer momento.

Uma das coisas mais legais da música é a possibilidade de contar histórias, verdadeiras ou não, por meio de belas canções óbvias, mas, ainda assim, que tocam corações. Esse é o caso da belíssima "Staircase at the University", com sua letra profunda e simples, que dialoga com muitas pessoas e suas dificuldades em agradar aos pais. Um acerto e tanto nesse disco, diferente de "The Bullfighter Dies" com seu ímpeto desejo de ver o touro triunfando diante do toureiro em uma que não acrescenta em nada ao disco.

"Kiss Me a Lot" é outra que cravo: será sucesso nos shows pelo simples fato de ter um refrão fácil e romântico o suficiente para fazer as fãs do cantor delirarem na plateia, enquanto a acústica "Smiler With Knife" é longa o suficiente para fazer qualquer um pegar no sono com seu clima pesado e referências à morte. Mantendo o estilo, e a língua afiada, Moz clama em "Kick the Bride Down the Aisle": Kick the bride down the aisle/ Look at that cow in the field/ It knows more than/ Your bride knows now.

Na acústica com toques épicos "Mountjoy", o cantor cita um ano histórico na Inglaterra (1850), poeta irlandês Brendan Behan. Sinceramente: não faria diferença se ela estivesse ou não no trabalho. Claro que o encerramento não fuguria do que foi apresentado, nem por isso "Oboe Concerto" deixa de ser uma boa música.

Morrissey, nos últimos anos, vinha vivendo mais das polêmicas do que de música, mas quando ele para de falar bobagens e faz o que sabe de melhor, ele ainda é dos bons. Apesar de World Peace Is None of Your Business ser muito longo, cansativo e de ter a pretensão de ter hino épicos em alguns momentos, é um bom álbum para ouvir e refletir sobre algumas coisas. E se você é fã do cantor, não se preocupe, esse disco é feito sob medida para você.

Tracklist:

1 - "World Peace is None of Your Business"
2 - "Neal Cassady Drops Dead"
3 - "I'm Not a Man"
4 - "Istanbul"
5 - "Earth Is the Loneliest Planet"
6 - "Staircase at the University"
7 - "The Bullfighter Dies"
8 - "Kiss Me a Lot"
9 - "Smiler With Knife"
10 - "Kick the Bride Down the Aisle"
11 - "Mountjoy"
12 - "Oboe Concerto"

Nota: 3,5/5



Veja também:
Resenha: Mombojó – Alexandre
Resenha: Manic Street Preachers – Futurology
4 em 1: Blondie, Clap Your Hands Say Yeah, California Breed e The Roots
Resenha: Klaxons – Love Frequency
Resenha: Linkin Park – The Hunting Party
Resenha: Mastodon – Once More ‘Round The Sun




Comentários