Resenha: Brian Eno – The Ship


Produtor lança novo disco de estúdio

A ambient music ganhou um aliado enorme quando Brian Eno entrou de cabeça no gênero que, segundo o próprio Eno, "deve ser capaz de acomodar vários níveis atenção na audição sem impor um em particular". The Ship é o 26º disco de estúdio do produtor, músico e um dos grandes entusiastas da música instrumental – tão entusiasta que conseguiu popularizar o estilo ao longo dos últimos 40 anos.

Para ter uma ideia da construção de uma música do gênero, a faixa-título tem mais de 20 minutos. Iniciada com um som suave e tranquilo, ela vai ganhando traços. O primeiro traço de fala só aparece perto do minuto sete, quando uma voz sinistra aparece para narrar um evento. Às vezes, soa uma obra de Robinson Crusoé; às vezes, parece um episódio de Doctor Who gravado no meio do espaço. Eno conseguiu unir mar e tecnologia na primeira faixa.

Uma continuação da anterior, ainda mais experimental, "Fickle Sun (i)" é a primeira de três partes de uma canção. Diferente da primeira, bem compreensível, essa aqui é bem estranha e difícil de entender. Ela vai de um lado para o outro – nem é uma ópera, nem é ambient music – sem muita coisa certa na primeira parte. A segunda começa com um vocal mais limpo e beirando o gospel, mas muda o rumo nos cinco minutos finais ao retornar ao experimentalismo.

"Fickle Sun (ii) The Hour Is Thin" traz um Brian Eno recitando um poema e/ou uma letra de música, algo bonito e profundo, complementado pelo piano bem suave ao fundo. Por fim, "Fickle Sun (iii) I'm Set Free" traz "I'm Set Free", canção gravada pelo Velvet Underground em seu terceiro trabalho de estúdio. É uma interpretação simples, mas muito bonita e comovente.

The Ship é um trabalho de difícil entendimento. Se você não gosta desse tipo de música, pode esquecer. Se você gosta, talvez não goste na primeira audição. Em linhas gerais, Eno traz um trabalho complicado, mas que tem sua beleza. É que, no fim das contas, poderia ser melhor.

Tracklist:

1 - "The Ship"
2 - "Fickle Sun"
(i) "Fickle Sun"
(ii) "The Hour is Thin"
(iii) "I'm Set Free"

Nota: 3,5/5



Veja também:
Resenha: Willie Nelson - Summertime: Willie Nelson Sings Gershwin
Resenha: Explosions in the Sky – The Wilderness
Resenha: Anthony Hamilton - What I'm Feelin' 

Resenha: Parquet Courts – Human Performance
Resenha: Kaada/Patton – Bacteria Cult
Resenha: PJ Harvey – The Hope Six Demolition Project
Resenha: Anoushka Shankar – Land Of Gold


Esse post foi um oferecimento de Felipe Portes, o primeiro patrão do blog. Contribua, participe do nosso Patreon.

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais! Isso ajuda pra caramba o blog a crescer e ter a chance de produzir mais coisas bacanas.

Siga o autor no Twitter