Resenha: Lana Del Rey – Honeymoon


Com dois discos lançados (Born to Die e Ultraviolence), Lana Del Rey conseguiu arrebanhar uma legião de fãs pelo mundo ao fazer o que chama de dream pop – uma espécie de música muito lenta, cheia de arranjos e bem etérea. Terceiro disco de estúdio, Honeymoon chega para consolidar o trabalho da cantora e tentar acabar com a irregularidade dos álbuns anteriores.

O arranjo de cordas no início de "Honeymoon" até dá uma esperança de algo bom acontecer, mas aí entra a voz sonolenta e sem graça de Lana Del Rey, e é o fim. Ou o início da tortura, no caso, porque não é possível que ela se sinta confortável fazendo exatamente a mesma coisa do disco anterior, uma espécie de falso épico. Já "Music to Watch Boys To" poderia fazer parte de qualquer um dos outros discos da cantora por ser, praticamente, uma cópia fiel de algumas faixas.

Em "Terrence Loves You" temos a seguinte constatação: Lana só sabe cantar um tipo de música, em que os irritantes efeitos na voz e nos instrumentos a transformam em temas para enterros. A sonolenta "God Knows I Tried" antecede a, por incrível que parece, boa "High by the Beach". Uma pena que a opção do arranjo foi a pior possível, pois a letra tem um potencial bom (certeza que virará um reggae em alguma releitura).

Antes mesmo da metade, em "Freak", a sensação é de ouvir a mesma coisa que muda um pouco aqui e acolá, mas, no geral, não passa de uma imensa faixa com quase uma hora de duração. Então vem a chatíssima "Art Deco" e seus quase cinco minutos de ruindade pura. Boa mesmo é "Burnt Norton (Interlude)", mas tem uma explicação: é um poema de T.S Elliot lançado em 1936. E "Religion" apresenta um bom refrão, e só.

Mais uma de potencial enorme desperdiçado é "Salvatore" e sua melodia ruim. Caso fosse algo menos dramático, quase teatral, seria melhor e mais interessante. Se "The Blackest Day" tivesse sido lançada por alguma banda gótica, seria um sucesso. Porém foi lançada por Lana Del Rey, que precisa complicar uma letra simples de se trabalhar, e o resultado é mais uma boa oportunidade jogada no lixo.

A chatice retorna em "24", uma tentativa muito ruim de soar uma faixa de algum filme da franquia James Bon, porém fica só na tentativa mesmo. Apesar de a melodia soar exatamente igual a 80% do disco, a letra de "Swan Song" é profunda e até interessante – curioso para saber de Ryan Adams regravará esse disco também. Tirando "Burnt Norton (Interlude)", "Don't Let Me Be Misunderstood" é a mais curta do disco, justamente escolhida para ser o primeiro single. E justamente a melhor do trabalho.

Por ser menor, não deixa espaço para momentos instrumentais longos e sem necessidade alguma. Lana Del Rey deveria se concentrar nesse tipo de música, não nas de quase sete minutos, porque haja saco para aguentar a mais de uma hora de Honeymoon que não deixará saudade por ser, mais uma vez, uma coleção de canções ruins, oportunidades perdidas e uma clara mostra que nem todo dinheiro e produção do mundo são capazes de fazer uma cantora boa quando o talento (?) é limitado.

Tracklist:

1 - "Honeymoon"
2 - "Music to Watch Boys To"
3 - "Terrence Loves You"
4 - "God Knows I Tried"
5 - "High by the Beach"
6 - "Freak"
7 - "Art Deco"
8 - "Burnt Norton (Interlude)"
9 - "Religion"
10 - "Salvatore"
11 - "The Blackest Day"
12 - "24"
13 - "Swan Song"
14 - "Don't Let Me Be Misunderstood"

Nota: 1,5/5



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