Resenha: John Pizzarelli – Midnight McCartney


Por Gabriel Carvalho

John Pizzarelli, filho do lendário guitarrista Bucky Pizzarelli, é daqueles artistas que são identificados facilmente quando alguma música em que ele está presente começa a tocar. Dono de técnica apurada – as frases de guitarra são marca registrada do músico – John Pizzarelli possui uma discografia extensa, seja em discos como artista solo, seja no trio que leva o nome dele.

Em 2015, o guitarrista já havia lançado um disco – John Pizzarelli Salutes Johnny Mercer, registro ao vivo. Homenagear nomes da música não é algo exatamente novo para Pizzarelli, que já gravou discos celebrando a obra de artistas como Duke Ellington e Bealtes. O registro mais recente do músico, coincidentemente, é uma ode à obra de um ex-beatle: Midnight McCartney é composto, como leitor já deve imaginar, por canções de Paul McCartney.

Revisitar faixa por faixa aqui seria redundante, já que o repertório de McCartney é mais do que conhecido pelo público. O fato a se destacar neste disco é a competência que Pizzarelli exibe ao rearranjar as músicas do britânico. É quase como se o guitarrista virasse para McCartney e dissesse: “veja bem, estas canções agora são de minha autoria”.

Os ritmos brasileiros – de que Pizzarelli é fã assumido – abrem e fecham o disco: a bossa nova toma conta da versão de “Silly Love Songs”, enquanto o samba é a influência na excelente releitura de “Wonderful Christmastime”. A bossa nova também pode ser ouvida na abordagem que o guitarrista dá para “My Valentine” e “No More Lonely Nights”, outros destaques do registro, em “Some People Never Know” e – de maneira mais sutil – em “Maybe I’m Amazed”.

Além do toque brasileiro, o álbum tem pitadas de blues na versão instrumental que Pizzarelli faz para “Hi, Hi, Hi”. As demais faixas caminham por vertentes do jazz, a base do trabalho do guitarrista: o clima varia desde o tom mais intimista de canções como “My Love”, “Warm and Beautiful” e “Junk” até a aproximação com o bebop nas ótimas “Heart of the Country”, “Let ‘Em In” e “Coming Up” – esta, com a participação do cantor norte-americano Michael McDonald.

Midnight McCartney é um disco para ouvir do começo ao fim, uma bela homenagem a obra de um dos principais nomes da música mundial. Disco para ouvir e, quando acabar, ouvir novamente.

Tracklist:

1 – “Silly Love Songs”
2 – “My Love”
3 – “Heart of the Country”
4 – “Coming Up” (feat. Michael McDonald)
5 – “No More Lonely Nights”
6 – “Warm and Beautiful”
7 – “Hi, Hi, Hi”
8 – “Junk”
9 – “My Valentine”
10 – “Let ‘Em In”
11 – “Some People Never Know”
12 – “Maybe I’m Amazed”
13 – “Wonderful Christmastime”

Nota: 4,5/5

Veja também:
Resenha: Thee Oh Sees – Mutilator Defeated At Last
Resenha: Beirut – No No No
Resenha: The Libertines – Anthems for Doomed Youth
Resenha: BNegão e Seletores de Frequência – Transmutação
Resenha: Langhorne Slim and The Law – The Spirit Moves
Resenha: Michael McNeill Trio - Flight
Resenha: James Taylor – Before This World

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais! Isso ajuda pra caramba o blog a crescer e ter a chance de produzir mais coisas bacanas.