Resenha: Holly Herndon – Platform


O tipo de trabalho feito pela produtora Holly Herndon é muito, para usar uma palavra que englobe bem o significado, estranho. Cheio de colagens, revebs, faixas ao contrário e muitos outros elementos incomuns nos rádios, ela não faz um tipo de música acessível para qualquer pessoa, sendo muito difícil gostar de cara do trabalho dela.

Com dois discos e um EP na praça, Herndon lançou Platform há algumas semanas, ganhando atenção de parte da mídia especializada. O início do álbum, com "Interference", cabe muito bem no que foi descrito no parágrafo anterior – não é fácil acompanhar o ritmo da faixa, uma mistura de várias coisas dentro de uma só. É um eletrônico cheio de experimentalismo e psicodelia, tudo isso ao mesmo tempo.

Nem dá tempo de pensar em alguma coisa e já começa "Chorus", essa mais longa e ainda mais estranha, apesar de ter certo clima dançante nos minutos finais, mas quem surpreende mesmo é "Unequal" e seu clima quase de ritual religioso cheio de reverbs e efeitos. E, por incrível que pareça, "Morning Sun" tem um ar pop e menos (talvez o uso da palavra menos seja um exagero) estranha.

"Locker Leak" é tão experimental, que o Can ficaria orgulhoso do filhote que gerou no mundo da música, enquanto "An Exit" retorna à coleção de colagens e temas estranhos – ela também tem um quê pop bem leve. Sem nada de música, mas um depoimento, "Lonely at the Top" é a única desse tipo no álbum. Não deixa de ser interessante, mesmo que não seja muito atraente.

Outra canção (?) esquisita é "DAO", um primo bem próximo de tudo apresentado até aqui, assim como "Home", outra com uma proposta bem diferente do habitual. Para encerrar, algo ainda mais estranho: "New Ways To Love" une tudo que foi mostrado por Holly Herndon ao longo de toda audição, gerando a seguinte questão: o que ela faz aqui é música?

Minha resposta é sim. Não deixa de ser um tipo de música, ainda que não agrade aos ouvidos de cara. É um trabalho mais artístico, cheio de nuances, experimentalismo e coisas que não estamos acostumados a ouvir por aí nas rádios. Por ser diferente, pode até ser pintado de outra maneira, porém não deixa de ser interessante e, de certa forma, chama para uma reflexão.

Tracklist:

1 - "Interference"
2 - "Chorus"
3 - "Unequal"
4 - "Morning Sun"
5 - "Locker Leak"
6 - "An Exit"
7 - "Lonely at the Top"
8 - "DAO"
9 - "Home"
10 - "New Ways To Love"

Nota: 3,5/5


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