Resenha: Waxahatchee – Ivy Tripp


Depois do sucesso e a turnê de Cerulean Salt, Katie Crutchfield passou o último ano isolada do mundo da música e trabalhando em Ivy Tripp, lançado nesta semana, seu terceiro disco de estúdio sob o pseudônimo de Waxahatchee. Segundo a cantora, a intenção era fazer um trabalho mais profundo e mais pessoal desta vez, ainda mais depois de perder um grande amigo em meados de 2014.

A abertura do álbum começa com uma faixa diferente de tudo que a cantora lançou em seus dois primeiros discos. "Breathless" é mais soturna e é quase um shoegaze de tão densa, principalmente pelo teor da triste letra. É difícil não chamar atenção, ainda mais quando "Under a Rock" chega. Curta, quase um punk, a cantora aproveita o momento para despejar sentimentalismo, e dá sequência a isso em "Poison".

"La Loose" pode até parecer dançante, mas fala de morte, dor e outros sentimentos ruins, e o interessante aqui é ver a forma como a letra foi trabalhada – bateria eletrônica com elementos que lembram o Hot Chip. Surpreendentemente, "Stale by Noon" é muito bem acaba, e o vocal de Crutchfield é trabalhado como o de Lou Reed em alguns momentos de sua carreira (mais falado do que cantado).

O disco ganha velocidade quando aparece "The Dirt", um rock leve e dançante, e tudo vira na pesada e melancólica "Blue", um claro reflexo dos sentimentos da cantora em decorrência dos acontecimentos do último ano. A boa "Air" soa muito como o trabalho feito por St. Vincent em seu último e ótimo disco de estúdio, aqui não tem muitos efeitos e a voz é bem crua, algo sempre interessante de se ouvir.

Ao melhor estilo Prince, Crutchfield colocou um símbolo, no caso "<", como título de uma canção. E é a que chega mais próximo de seu último disco, um dos bons de 2013. A tocada no violão na curta "Grey Hair" é uma boa abertura para a acústica "Summer of Love", uma das ótimas canções da curta carreira da cantora. E o mesmo elogio vale para "Half Moon", toda no piano, com sua letra profunda e cheia de dor expulsa em forma de música. O clima melancólico encerra com "Bonfire". Soturna, ela é outra que fica bem próxima do shoegaze, deixando bem clara a tristeza da cantora. É como dizem por aí: morte e um coração partido quase sempre rendem um bom disso, e isso não é diferente com Katie Crutchfield, que entregou o melhor álbum de sua carreira até aqui. A boa mistura de elementos com as letras tristes deu uma boa liga.

Tracklist:

1 - "Breathless"
2 - "Under a Rock"
3 - "Poison"
4 - "La Loose"
5 - "Stale by Noon"
6 - "The Dirt"
7 - "Blue"
8 - "Air"
9 - "<"
10 - "Grey Hair"
11 - "Summer of Love"
12 - "Half Moon"
13 - "Bonfire"

Nota: 3,5/5


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