Resenha: Paul Weller – A Kind Revolution


Veterano cantor vem mostrando boas faixas em discos recentes

Paul Weller é desses caras incríveis da indústria da música que deveriam ter mais reconhecimento pelo trabalho feito ao longo de mais de 40 anos de carreira. Membro do The Jam, fez da banda uma das melhores coisas do pós-punk ao reviver o punk e o movimento mod. Ao sair no auge, explorou sonoridades que nunca conseguiria em seu trabalho na banda – o documentário The Jam – About The Young Idea (2015) mostra bem isso.

A carreira solo tem rendido ótimos trabalhos em estúdio. O último, Saturns Pattern (2015), esteve entre os melhores do blog daquele ano. Por ter lançado algo tão bom e por ser Paul Weller, a régua da expectativa é sempre alta. E fora o fato de ele quase sempre surpreender com alguma coisa diferente. É exatamente o que acontece logo na primeira faixa, chamada "Woo Sé Mama". O estilo blues country mostra a disposição de Weller em ir além do que ele domina em seu estilo musical.

Veja também:
Resenha: Gorillaz – Humanz
Resenha: Mark Lanegan Band – Gargoyle
Resenha: The Afghan Whigs – In Spaces
Resenha: Feist – Pleasure
Resenha: BIKE – Em Busca da Viagem Eterna
Resenha: Ray Davies – Americana
Resenha: Deep Purple – inFinite


"Nova" começa lento, mantendo o estilo da anterior, mas muda para algo mais "inglês", digamos assim. O refrão e a segunda parte não têm nada a ver com a primeira. Dá para ver como Weller consegue transitar com facilidade entre gêneros, e como ele faz isso muito bem. A balada "Long Long Road" recoloca o disco no caminho mais country e, nesse caso, tem aquela melancolica típica desse tipo de faixa. E a mistura não para em "She Moves with the Fayre", essa mais lenta e soando quase um R&B.

"The Cranes are Back" outra boa balada e dá para destacar o arranjo delicado que deixa tudo suave e muito lírico, e "Hopper" tem o toque de jazz que faltava para dizer com propriedade: Weller transitou em todos os gêneros possíveis nesse novo álbum. Antes da parte final vem a animada "New York". De ritmo dançante, é aquela surpresa do álbum de ficar espantado com o cantor fazendo esse tipo de faixa.

O groove de "One Tear" a deixa com um toque de R&B, já "Satellite Kid" tem um quê de rock clássico com direito a solo de guitarra e country, principalmente na segunda parte. "The Impossible Idea" encerra o disco com um tom épico inesperado e cheio de otimismo para seguir em frente.

Mais para cima do que o trabalho anterior, esse novo disco de Paul Weller mostra como um bom músico consegue trabalhar os mais diferentes tipos de canções, juntá-las em um trabalho e dar sentido a tudo isso sem deixar nenhum brecha ou ponta solta. Weller mostra que ainda tem muita lenha para queimar em sua carreira.

Tracklist:

1 - "Woo Sé Mama"
2 - "Nova"
3 - "Long Long Road"
4 - "She Moves with the Fayre"
5 - "The Cranes are Back"
6 - "Hopper"
7 - "New York"
8 - "One Tear"
9 - "Satellite Kid"
10 - "The Impossible Idea"

Nota: 3,5/5



Saiba como ajudar o blog a continuar existindo

Gostou do post? Compartilhe nas redes sociais e indique o blog aos amigos!