Atração da próxima edição do Lollapalooza Brasil e novo queridinho da crítica, o Fontaines D.C. conseguiu arrebatar um grande público dentro e fora dos festivais nos últimos anos. Em uma crescente constante e cada vez melhores, eles vêm com “Romance”, terceiro álbum de inéditas em quatro anos. E é muito difícil não gostar, principalmente se você sentia falta de um rock cheio de guitarras.
Um dos motivos para gostar dos irlandeses é como eles conseguem criar um clima musical que faz o ouvinte ter curiosidade em seguir com a audição. A faixa-título é certeira nisso ao começar devagar, como a abertura de um filme, para mostrar do que eles são capazes. Na seguinte, “Starburster”, eles subvertem a expectativa ao apresentar uma espécie de rap melancólico com direito a piano e uma batida forte e consistente.
Estou no BlueSky e no Instagram. Compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog! Confira a agenda de lançamentos.
Para quem gosta das guitarras, “Here's the Thing” é um prato cheio, apesar de lenta e inspirada no rock dos anos 1990 (“So here's the thing, I know you're watching/ I feel your pain, It's mine as well/ I know you're right, I know you're right, girl/ To be anesthetized, and crave emotion/ So beautiful to hurt so well/ I know you're right, I know you're right, girl”), assim como “Motorcycle Boy”, essa no violão e com menos efeitos. E se melancolia ganha outro tom com “Desire”, uma mistura com eletrônico, guitarras e um quarteto de cordas, “In the Modern World” tem uma pegada pop rock certeira para fazer sucesso em playlists e no rádio em uma crítica no alvo sobre celebridades e falso glamour.
“Bug” tem um quê de música dos anos 1980 e é aquela que soa ótima ao vivo, ainda mais vinda na sequência de outra muito pegajosa. Ainda inspirados pelo passado, “Sundowner” surge como uma homenagem ao shoegaze ao ser cantada pelo guitarrista Conor Curley. E falando em guitarras, o outro responsável pelo instrumento na banda, Carlos O'Connell, foi inspirado por James Joyce para escrever a bonita “Horseness Is the Whatness” — mais experimental do que qualquer uma das anteriores.
Veja também:
Crítica: Nick Cave and the Bad Seeds - Wild God
Crítica: King Gizzard & the Lizard Wizard - Flight b741
Cinco discos #2: Pond, Beachwood Sparks, O., DIIV e Mui Zyu
Crítica: Smashing Pumpkins - Aghori Mhori Mei
Crítica: Jack White - No Name
Crítica: Cassandra Jenkins - My Light, My Destroyer
A simplicidade reina em “Death Kink”. Do refrão ao arranjo, é uma canção perfeita para os shows. E o melhor fica para o final, com a grudenta “Favourite” sendo o encerramento perfeito, uma grande ode aos parentes e amigos que estão sempre ali presentes e aos que já foram, mas nunca serão esquecidos (“Well, look who's just the newest clown/ 35 hours coming down/ How the sun shines on new pavement/ And you don't even feel it/ It's a cry far from bed radios/ And days spent playing football indoors/ When they painted town with Thatcher/ They never even wanted to know ya”).
Empolgar no primeiro álbum é uma tarefa relativamente fácil, afinal o céu é o limite da criatividade. Manter o ritmo no segundo é mais difícil porque as pessoas esperam mais e seguir firme no terceiro é quase um dos doze trabalhos de Hércules, por isso que o Fontaines D.C. é uma banda boa de ouvir e acompanhar. A sequência de três álbuns os firma como uma das melhores coisas desses anos 2020, cada vez mais contaminados por uma espécie de não-música rolando por aí. “Romance” equilibra a firmeza do passado com a inventividade do presente para colocá-los em uma rota de sucesso merecido.
Ficha técnica
Tracklist:
1 - “Romance”2 - “Starburster”
3 - “Here's the Thing”
4 - “Desire”
5 - “In the Modern World”
6 - “Bug”
7 - “Motorcycle Boy”
8 - “Sundowner”
9 - “Horseness Is the Whatness”
10 - “Death Kink”
11 - “Favourite”
Gravadora: XL
Produção: James Ford
Duração: 36min57
Avaliação: muito bom
Comentários
Postar um comentário
Usem os comentários com parcimônia. Qualquer manifestação preconceituosa, ofensas e xingamentos são excluídos sem aviso prévio. Obrigado!