Crítica: King Gizzard & the Lizard Wizard - Flight b741

Com tantos discos novos ano após ano, começam a faltar palavras para falar sobre os australianos do King Gizzard & the Lizard Wizard. Liderados por Stu Mackenzie, agora também no comando da produção dos álbuns, a banda segue na jornada de lançar músicas de todos os gêneros possíveis. A novidade em “Flight b741”, 26º trabalho da discografia, é o mergulho no country blues com aquela pitada de rock tão característica deles.

Mais uma vez, o disco é inteiro conceitual, pautado por uma história em “Mirage City”, a faixa de abertura e cheia de guitarras e vocais cheios de harmonia. A partir dessa apresentação, eles começam a desfilar uma série de ótimas músicas. “Antarctica” e “Raw Feel” soa retiradas de algum lugar dos anos 1970, enquanto “Field of Vision” traz um dos refrões mais empolgantes desse ano.

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Quando um artista está disposto a fazer coisas diferentes o tempo inteiro, fica até difícil fazer qualquer julgamento. É a mesma banda dos álbuns anteriores, mas como avaliá-los da mesma maneira se em um ano eles lançam um álbum de rock progressivo e no outro eles mudam completamente a abordagem? Como encaixar “Hog Calling Contest” ou “Le Risque”, quase uma homenagem ao ZZ Top, na discografia? Parece uma tarefa simples, mas o King Gizzard & the Lizard Wizard não é simples.

Por isso, ao ouvir “Flight b741” ao longo dos dias, é difícil não os colocar em um pedestal e admirá-los pela capacidade em fazer discos assim e entregar ótimas músicas, como a faixa-título com uma harmonia absurdamente boa e contagiante, dessas que dá para cantar por dias a fio. Ou ainda no blues de “Sad Pilot”, uma faixa inspirada pela alta taxa de depressão de pilotos de companhias comerciais (“I gotta leave my problems at the jet bridge/Can't be be carrying heavy luggage/ I gotta leave my problems at the jet bridge/ Or you'll be sufferin' some heavy losses/Psychologists, no, they ain't listenin'/ No matter how much I keep on screamin'/ Treat me like you treat the other ones/ If I'm to leave my problems at the door”).

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A dançante “Rats in the Sky” chega para mostrar outra faceta da banda, que encerra o álbum com a deliciosa “Daily Blues” e seus mais de sete minutos insanos, cheios de reviravoltas e com os instrumentos mais altos do que nunca.

Cobri-los de elogios não é novidade para quem vem apresentando alguns dos melhores e mais instigantes álbuns dos últimos anos. Acompanhar tudo não é tarefa simples, mas acaba sendo um enorme privilégio ver como o King Gizzard & the Lizard Wizard ser reconhecido como uma das melhores bandas da atualidade.

Ficha técnica

Tracklist:

1 - “Mirage City”
2 - “Antarctica”
3 - “Raw Feel”
4 - “Field of Vision”
5 - “Hog Calling Contest”
6 - “Le Risque”
7 - “Flight b741”
8 - “Sad Pilot”
9 - “Rats in the Sky”
10 - “Daily Blues”

Gravadora: p(doom)
Produção: Stu Mackenzie
Duração: 43min06

Avaliação: ótimo

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