Cinco discos #1: Amaro Freitas, Dandy Warhols, Folk Implosion, Guided by Voices e Diego Xavier Trio

Amaro Freitas - “Y'Y” (Psychic Hotline)

Um dos grandes músicos brasileiros dos últimos anos, Amaro Freitas faz de “Y’Y”, quarto trabalho de estúdio da carreira, um grande experimento de jazz misturado com música folclórica amazônica com diversos elementos musicais incomuns no mainstream. Tentar enquadrá-lo em qualquer gênero musical é praticamente impossível, então é melhor tirar a prova e ouvir esse belo trabalho, cheio de importantes referências da tradição brasileira mais profunda e pouco conhecida por nós mesmos, engolidos pela pressa do dia a dia e dos barulhos cotidianos. Ouvir “Y'Y” é uma experiência e tanto.

Avaliação: ótimo


The Dandy Warhols - “Rockmaker” (Sunset Blvd/ Beat The World)

Com mais de três décadas de estrada, o Dandy Warhols segue fazendo músicas de alto nível no mais recente lançamento. O novo trabalho, o 12º da carreira, traz Frank Black (Pixies), Slash (Guns N’ Roses) e Debbie Harry (Blondie) como convidados especiais. E as participações em “Danzig with Myself”, “I'd Like to Help You with Your Problem” e “I Will Never Stop Loving You”, respectivamente, abrilhantam ainda mais o álbum, cheio de guitarras distorcidas, experimentos com sintetizadores e influência da música industrial, sendo as faixas “Alcohol and Cocainemarijuananicotine” e a experimental “Real People” dois grandes momentos do álbum - talvez até do ano.

Avaliação: muito bom

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The Folk Implosion - “Walk Thru Me” (Joyful Noise)

Fundado no início dos anos 1990 por Lou Barlow e John Davis, o Folk Implosion é desses projetos musicais feitos para desaguar materiais guardados e fora do escopo da banda principal, no caso o Sabadoh. Mais de duas décadas após o último lançamento de inéditas, a formação original retorna com “Walk Thru Me”. Pode soar estranho que o quinto álbum de inéditas poderia ter sido disponibilizado em algum momento dos anos 1990, mas corresponde com esse ‘revival’ do período na música mainstream atual, além, claro, de ser o estilo da banda. De colagens sonoras, a uso de instrumentos do oriente médio, passando por letras melancólicas, o disco soa um bom retorno para uma dupla que não perdeu a mão em fazer boas músicas.

Avaliação: bom


Guided by Voices - “Strut of Kings” (Guided by Voices Inc.)

Para surpresa geral de fãs e críticos, “Strut of Kings” será o único álbum do Guided by Voices em 2024, encerrando uma sequência de cinco anos seguidos com três lançamentos inéditos por ano. É difícil não elogiar o trabalho de Robert Pollard ao longo dos anos ao conseguir manter-se firme no trabalho sem perder a independência. Com bons refrões e uma guitarra bem melódica, ele mostra ser possível fazer um bom álbum (mais uma vez) sem parar no comum ou na repetições de fórmulas baratas para fingir ser um operário da música - algo que ele é há mais de 40 anos. Como sempre, vale a orelhada para ter a certeza de que o Guided by Voices deixou de ser apenas um grupo, mas uma (quase) missão de vida para Pollard.

Avaliação: bom

Diego Xavier Trio - “Trio” (Independente)

Acompanhado pelo baixista Ricardo Garofallo e o baterista Rodrigo Leal, Diego Xavier, também conhecido por ser integrante da ótima banda Bike, lança o terceiro disco do Diego Xavier Trio. Mantendo-se fiel aos princípios musicais, eles seguem uma linha entre o pop rock bem básico e o experimental ao longo das oito músicas, umas menos de três minutos até uma que se aproxima dos dez. É um álbum livre, leve e soltou das amarras do grupo principal, sempre uma vantagem na busca por conseguir expressar e mostrar outras coisas fora da linha esperada pela crítica e pelos fãs. É pesado emocionalmente, principalmente pelo tom das letras, ainda um reflexo dos últimos anos um tanto complicados emocionalmente para todos nós, e cheio de bons arranjos. Para ouvir com atenção e refletir.

Avaliação: muito bom

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