Crítica: Rewind and Play, de Alain Gomis

Documentário originalmente visto na 14ª edição do In-Edit Brasil, realizada em 2022

Thelonious Monk foi um dos melhores pianistas de todos os tempos em uma longa carreira que só viu o sucesso na segunda metade da década dos anos 1950, quase 20 anos após o início. A partir disso, ele virou um músico requisitado e com turnês pelo mundo todo.

Mas, no final dos anos 1960, a memória de Monk começou a falhar e ele, uma pessoa que poderia conversar por horas sobre música, simplesmente ficou monossilábico, algo sentido pelos músicos que o acompanhavam. O declínio de um dos gênios do jazz é mostrado em "Rewind and Play", documentário de Alain Gomis.

Estou no Twitter e no Instagram. Compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog! Confira a agenda de lançamentos

Gomis descobriu imagens da última passagem de Monk por Paris, em 1969, quando participou de um programa apresentado por Henri Renaud. Mas o resultado foi tão ruim que as imagens nunca foram ao ar. Mais de cinco décadas depois, os motivos foram, enfim, revelados.

Realmente, Monk não estava bem. É visível. O olhar perdido, a distração, a demora em construir um raciocínio simples. Tudo isso atrapalhou a entrevista, mas o entrevistado também não ajudou. Renaud quer fazer perguntas difíceis e deseja encaixar, a qualquer custo, uma história de admiração e intimidade com o pianista. E pelo fato de Monk suar muito nos minutos finais, é claro que eles ficaram horas ali em tentativas frustradas de ambos.

Veja também:
Crítica: Even Hell Has Its Heroes - The Music of Earth, de Clyde Petersen
Crítica: The 9 Lives of Barbara Dane, de Maureen Gosling
Crítica: The Legacy of J Dilla, de Esther Dere e Christopher Frierson
Crítica: This is a Film About The Black Keys, de Jeff Dupre
Crítica: Zef – The Story Of Die Antwoord, de Jon Day
Crítica: Let's Get Lost, de Bruce Weber (1988)

Mas o que vale mesmo é ver Monk no piano. Ainda em um começo de uma doença nunca descoberta — sabe-se que, no final dos anos 1970, não reconhecia mais o próprio filho —, ele não perde nenhuma nota e consegue tocar todos os sucessos até o final. Isso só mostra como uma faísca é suficiente para despertar toda genialidade desse monstro do jazz. E é isso que vale nesse documentário.

Avaliação: bom

Comentários