Crítica: The 9 Lives of Barbara Dane, de Maureen Gosling

Documentário assistido no In-Edit Brasil 2024, marcado para acontecer de 12 a 23/06 

Próxima dos 90 anos, Barbara Dane redescobriu a vontade de subir em um palco após um longo período afastada devido à doença e morte do terceiro marido ao lançar o álbum “Throw It Away”, em parceria com a pianista Tammy Hall. Surpreendendo a todos, ela começou uma série de pequenas apresentações pelos Estados Unidos e conquistou o público com um discurso incisivo e interpretação das principais canções de protesto do blues, do folk e do jazz. Mas essa história começou muitos anos antes, ainda no final dos anos 1940.

“The 9 Lives of Barbara Dane”, dirigido por Maureen Gosling, traz essa história fascinante de uma personagem que não abriu mão das próprias convicções sobre o mundo em nenhum momento da vida. Com essa decisão firme, prejudicou a própria carreira e quase causou incidentes diplomáticos quando foi para Cuba, pouco tempo após Fidel Castro assumir o poder e o começo do embargo, e para Espanha, presidida pelo fascista Francisco Franco. A vida política dela começa ainda muito jovem, quando fez parte do Partido Comunista Americano. Disso, nunca mais deixou de lutar pelos direitos das minorias.

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Os boicotes, causados por uma ficha extensa no FBI, causaram danos irreversíveis em uma potencial cantora de sucesso. Ela pulou de galho em galho musical, sempre com muita competência, a ponto de ser quase contratada por Albert Grossman, empresário de Bob Dylan. Ela recusou quando ele pediu para “acertar a própria vida” — ou seja, abandonar a música de protesto e criar uma nova imagem. Isso custou caro, é claro.

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Dane conta todas essas histórias e muitas outras com um sorriso no rosto de quem está em paz com as próprias decisões. Um dos momentos mais tocantes é quando explica de onde veio esse sentimento e essa força para fazer parte dessa luta pelos direitos civis e contra a política externa dos Estados Unidos. Acabou sendo abraçada pela comunidade afro-americana e pelos imigrantes rejeitados, que dividiam felizes os palcos e estúdios de gravações com ela ao longo de quase 80 anos de carreira.

Sem a fama ou dinheiro, Dane acabou fazendo muito ao entrar na linha de frente em protestos pelo país ou sendo cofundadora de uma gravadora que só aceitava gravar músicas de imigrantes. Com depoimentos de amigos, como a atriz Jane Fonda, familiares e muitas imagens de arquivo, “The 9 Lives of Barbara Dane” é o reconhecimento de como nem sempre focar em uma busca desenfreada pelo poder precisa ser o objetivo de vida. Ter convicções em fazer certo é o caminho para uma vida plena.

Avaliação: muito bom

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