Documentário assistido no In-Edit Brasil 2024, marcado para acontecer de 12 a 23/06
Dylan Carlson alimentou o sonho de ter uma banda de rock muito cedo e conseguiu, superando todas as expectativas. Em meio a explosão do rock alternativo em Seattle e no resto dos Estados Unidos no início dos anos 1990, ele liderou o Earth rumo a algo acima do sucesso e de qualquer coisa relacionada ao mainstream. O Earth é alinhado com a visão de vida do criador dentro e fora dos palcos. Isso gera momentos incríveis. E uma rotatividade descomunal de músicos. Com depoimentos de quase todos que passaram pela banda nos últimos 35 anos, “Even Hell Has Its Heroes - The Music of Earth” apresenta ao mundo esse grupo bem peculiar.
Filmado em 8 mm e cheio de filtros, o longa usa o ritmo das músicas do Earth para contar a história do nascimento aos dias atuais. Com imagens e montagens belíssimas em 110 minutos, o trabalho de direção e edição são primorosos do primeiro ao último minuto para conhecermos os pioneiros do drone metal e um pouco mais da concepção e lançamento de “Earth 2”, referência no gênero. Lançado pela Sub Pop, impressionou os sócios da gravadora a ponto de eles apostarem em uma edição de luxo com apenas 2 mil cópias — hoje, item raríssimo no mercado de colecionadores.
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Uma parte considerável dos 15 ex-integrantes falam, assim como produtores que conseguiram ou não trabalhar com a banda e única integrante fixa desde o início dos anos 2000, a baterista Adrienne Davies. Carlsen teve sérios problemas com drogas a ponto de fazer um deles simplesmente desistir do trabalho. E foi durante esse período que ele, um dos melhores amigos de Kurt Cobain, foi envolvido em uma teoria da conspiração sobre ter assassinado o vocalista do Nirvana. É um dos momentos mais tristes do documentário, mas mostrado com uma delicadeza e sensibilidade de ser uma aula de como fazer isso sem soar sensacionalista.
Veja também:
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Tecnicamente, o trabalho se fia em usar os depoimentos gravados, com os músicos fazendo alguma coisa diferente na tela. De colocar fogo em instrumentos, usar duas guitarras como remos para navegar por um rio até uma longa caminhada ou o trabalho na reforma de um motor, vemos essas pessoas admiradas e elogiando o trabalho de Carlson na mesma medida em que salientam os defeitos (teimoso é o principal deles). Além disso, podemos ver exibições do potencial musical deles em dois momentos, com o público de fundo de olhos fechados para contemplar esse momento único.
O Earth é um desses sobreviventes de uma ideologia musical que não existe mais. Se isso realmente importasse, Dylan Carlson teria passado o resto da vida dele vendendo molduras, emprego conseguido logo após largar tudo. “Even Hell Has Its Heroes - The Music of Earth” é o retrato honesto e sincero de um homem com estilo musical único e que conseguiu o reconhecimento de seus pares como um dos melhores.
Avaliação: ótimo
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