Crítica: Pet Shop Boys - Nonetheless

Quem viveu os anos 1990 e início dos anos 2000, sendo um frequentador de boates, casas noturnas e afins, dançou muito ao som dos Pet Shop Boys, uma das duplas mais aclamadas da música eletrônica desde o início dos anos 1980. Se alguns contemporâneos foram fazer outra coisa ou simplesmente vivem dos louros do passado, eles seguem criativamente ativos a ponto de terem lançado“Hotspot”, em 2020, um dos muitos álbuns ótimos esquecidos no período da pandemia.

Mas eles não desanimaram e agora, depois de uma turnê com passagem pelo Lollapalooza Brasil, soltam “Nonetheless”, 15º álbum da carreira. Sabe aquele disco que te ganha logo de saída, desses impossíveis de tirar ao longo do dia e só desliga para almoçar? “Loneliness” cumpre esse papel, uma ótima largada cheia de referências e arranjos de corda — uma constante ao longo de quase 44 minutos.

Veja também:
Crítica: Beth Gibbons - Lives Outgrown
Crítica: Billie Eilish - Hit Me Hard and Soft
Crítica: Kamasi Washington - Fearless Movement
Crítica: St. Vincent - All Born Screaming
Crítica: Khruangbin - A La Sala
Crítica: Mdou Moctar - Funeral for Justice

Estou no Twitter e no Instagram. Compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog! Confira a agenda de lançamentos

Uma das qualidades do Pet Shop Boys ao longo dos anos não é usar a tecnologia para mudar a sonoridade, mas usá-la para melhorar o próprio trabalho. “Feel” e “Why Am I Dancing?” (“Why am I dancing/ When I’m so alone?/ What do I have to celebrate/ Here on my own?”) soam como uma música dos anos 1990, mas com elementos e ritmos atuais, duas coisas importantes para manter o frescor da dupla.

Cheia de referências musicais dos últimos 30 anos, “New London Boy” mescla um andamento agradável com um refrão potente. A sequência formada pela engraçadinha e dançante “Dancing Star” com a melancólica a reflexiva “A New Bohemia” mostra como eles são craques em imitar a vida na arte: nem sempre é tempo para dançar, mas para refletir ou o melhor é sair dançando por aí sem pensar muito — depende do momento.

Logo depois, chega o refrão absurdamente grudento de “The Schlager Hit Parade” (“The future is the present now/ Music must be played/ It's always Christmas or the sound of summer/ In the Schlager hit parade”) e a balada “The Secret of Happiness”, uma ode ao romantismo bem romântico, desses bem cafonas e clichês que todo mundo gosta, mas não admite para si. “Bullet for Narcissus” traz a força das pistas de dança em uma faixa com chance absurda de fazer sucesso no verão europeu e “Love Is the Law” encerra o álbum de maneira lenta e melancólica, com um recado claro que ecoa ao longo dos cinco minutos da música.

Gostar de Pet Shop Boys é um caminho sem volta, quase como se eles fossem velhos amigos por aí e prontos para agradar outros amigos pelo mundo. “Nonetheless” não é inovador, tampouco é uma cartada nova música eletrônica; é a dupla fazendo o que faz de melhor em altíssimo nível mais uma vez. É ótimo saber que eles continuam por aí.

Ficha técnica

Tracklist:

1 - “Loneliness”
2 - “Feel”
3 - “Why Am I Dancing?”
4 - “New London Boy”
5 - “Dancing Star”
6 - “A New Bohemia”
7 - “The Schlager Hit Parade”
8 - “The Secret of Happiness”
9 - “Bullet for Narcissus”
10 - “Love Is the Law”

Gravadora: x2/Parlophone
Produção: James Ford
Duração: 43min53

Avaliação: ótimo