Crítica: Jon Batiste - American Symphony, de Matthew Heineman

Para muitas pessoas, Jon Batiste apareceu como líder do grupo Stay Human no programa ‘Late Show with Stephen Colbert’. Com o jeito engraçado, riso alto e sempre com uma boa resposta na ponta da língua, era a pessoa ideal para acompanhar Colbert na nova empreitada: enfrentar o público da TV aberta após anos como apresentador no Comedy Central. E deu muito certo. Então, muita gente também passou a acompanhar a carreira desse músico versátil, vindo de Nova Orleans, com uma incrível vontade de vencer. É essa história que o diretor Matthew Heineman conta no documentário “Jon Batiste - American Symphony”, disponível na Netflix.

A vida de Batiste realmente daria um filme por tudo que ele passou para conseguir chegar ao ápice da indústria ao ganhar o Grammy de Melhor Álbum do Ano, elevando a posição dele perante aos pares e o tornando uma figura ainda mais famosa para outras pessoas. A cena dele no aeroporto, ao retornar para casa, sendo abordado por desconhecidos e ganhando elogios, mostra bem como as coisas mudam a partir de um reconhecimento público do talento em uma premiação famosa. 

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Mas o ponto central do longa está em como Batiste equilibra a vida pessoal e a profissional. Compondo um espetáculo de mesmo nome do documentário e trabalhando com músicos desconhecidos nos momentos finais da pandemia, ele precisa lidar com o retorno da leucemia da esposa, a escritora e best-seller do ‘The New York Times’ Suleika Jaouad, após dez anos em remissão. O tratamento pesado e dias de internação são seguidos por incerteza e esse baque do contraste das duas vidas. O músico se equilibra, mas as feridas pessoais são tamanhas que é quase possível ouvi-lo rachando, tamanha pressão para dar conta de tudo.

A edição de “American Symphony” não inventa e é competente ao colocar o espectador dentro desses dois mundos tão diferentes. Também ajuda a compreender o drama de Suleika ao retornar pela segunda vez para um tratamento contra o câncer, sabendo que o marido não pode parar para ficar com ela nesse momento profissional tão importante. Além disso, existe toda dor física e emocional dela ao passar por tudo isso sem saber que continuará viva por mais tempo para ver o sucesso do marido. Eles mantêm a positividade, mas é difícil — ela chora em vários momentos; ele encontrou na terapia um momento do dia para tentar entender melhor esse furacão pessoal e profissional.

“American Symphony” é simples na narrativa para contar essa história de altos muito altos e baixos muito baixos da vida de Jon Batiste, um menino que sempre teve contato com a música, cresceu e estudou em uma das escolas mais importantes dos Estados Unidos. Sempre livre para fazer aquilo que mais gostava, buscou no improviso e na mistura gêneros musicais algo único na construção da vida de músico. Em meio ao drama pessoal, conquistou a maior glória profissional. É essa dualidade desse negócio difícil chamado vida que faz do documentário algo emocionante e reconhecível por qualquer um.

Avaliação: bom

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