Crítica: Mdou Moctar - Funeral for Justice

O guitarrista Mdou Moctar não é um novato na música, mas, para muita gente do Ocidente, ele foi “descoberto” apenas recentemente com o sucesso do álbum “Afrique Victime”, lançado em 2021. Conhecido pelas ótimas apresentações, acompanhado por uma banda sensacional, ele ganhou espaço nos festivais franceses até chegar em um público maior na Europa. Ao assinar com a Matador, conseguiu ficar conhecido mundialmente.

No segundo álbum lançado pela gravadora americana, chamado “Funeral for Justice”, Moctar segue explorando o conhecido por aqui como blues do deserto. Mas, na faixa-título logo na abertura do trabalho, é possível ouvir e perceber que a denominação está 50% certa. Apesar da inspiração em um dos gêneros musicais mais antigos do mundo, a atratividade em ouvir é o estilo de tocar dele, nascido no Níger. A percussão presente, a guitarra completamente fora da realidade de qualquer estilo de rock tradicional e a maneira de transmitir a mensagem são outros elementos fundamentais para compreender e se apaixonar pela música Tuareg.

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Daí em diante, o álbum vira algo acima do normal, porque não é possível um ser humano fazer o que ele faz com a guitarra em “Imouhar” ou como ele consegue criar um clima etéreo em “Takoba”, essa com instrumentos tradicionais do Níger, como o djembe. Ou ainda como toda banda faz de “Sousoume Tamacheq” uma espécie de ritual religioso, com as guitarras funcionando como o instrumento principal dessa união.

A mescla da delicadeza de “Imajighen”, essa usando muito mais a percussão, é um dos pontos fortes da banda, com a potência de “Tchinta” são o resumo perfeito de como Mdou Moctar conseguiu montar a banda perfeita para a gravação desse álbum. Como em uma única onda, as duas faixas arrebatam o ouvinte por todos os lados, impressionando até mesmo quem não é muito fã do gênero.

“Djallo #1” coloca o ouvinte nos momentos finais do álbum, parte mais política do trabalho, iniciado pela ótima “Oh France”, essa mais dançante, e fechado pela reflexiva “Modern Slaves”, delicada e melódica em um bom contraponto com a anterior.

Conhecer o trabalho de Mdou Moctar é dessas coisas irresistíveis. Uma vez ouvindo, a vontade é de ouvir todos os dias e não é diferente “Funeral for Justice”, uma mescla de amor pela terra natal e política em um repertório de nível muito alto. Após ouvi-los, a vontade de assistir a um show deles só cresce.

Ficha técnica

Tracklist:

1 - “Funeral for Justice”
2 - “Imouhar”
3 - “Takoba”
4 - “Sousoume Tamacheq”
5 - “Imajighen”
6 - “Tchinta”
7 - “Djallo #1”
8 - “Oh France”
9 - “Modern Slaves”

Gravadora: Matador
Produção: Mikey Coltun
Duração: 39min04

Avaliação: ótimo

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