Crítica: The Last Dinner Party - Prelude to Ecstasy

A Inglaterra é craque em revelar bandas para o mundo ouvir e não é à toa que a maior de todos os tempos vem de lá. Eles também são ótimos em influenciar o público a, pelo menos, dar uma chance ao usar o discurso de “é a próxima salvação do rock”. Dessa vez, quem recebe a honra e o peso disso é a Last Dinner Party, formada por Abigail Morris, Lizzie Mayland, Emily Roberts, Georgia Davies e Aurora Nishevci.

A imprensa local vem dando capas e mais capas sobre elas, que lançaram “Prelude to Ecstasy” sob imensa expectativa. Afinal, é mais uma ótima banda de rock, inflamada com razão, ou apenas mais uma que surge e sai na mesma velocidade? Pelo menos no álbum de estreia, elas têm cara que vieram para ficar. A abertura traz a influência das trilhas sonoras dos filmes dos anos 1950 e 1960 em uma introdução e tanto.

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O ‘revival’ dos anos 1980 na música atual segue com tudo em “Burn Alive”, quando o peso do coral reproduz o clima da época com bastante esperteza em uma faixa dançante do início ao fim. E um dos trunfos de “Caesar on a TV Screen” é conseguir sair de uma coisa para outra totalmente diferente no refrão, quase como se fossem duas músicas coladas que, de alguma maneira, acabaram combinando.

Se “The Feminine Urge” é praticamente uma filha perdida de Florence Welch, vocalista do Florence + The Machine, a balada “On Your Side” apresenta uma sonoridade simples e um refrão matador (“Whеn it's 4AM and your heart is breaking/ I will hold your hands, to stop them from shaking/ If it takеs all night, I will be on your side”). Fechando o grande momento de destaque da vocalista Abigail Morris, “Beautiful Boy” é outra balada, potente e grandiosa em todos os aspectos.

“Gjuha” traz um ar gospel ao álbum, influenciado pela origem albanesa da tecladista Aurora Nishevci, mas logo elas retomam o ar pop na grudenta “Sinner” (“Felt like a sin/ Before it felt like a sin/ Pray for me on your knees”) e no dream pop de “My Lady of Mercy”. E o grande momento do disco chega em “Portrait of a Dead Girl”, quando o arranjo de cordas e o ar etéreo fazem toda diferença em prender o ouvinte por longos minutos — ouvi a música umas seis vezes antes de terminar o álbum pela primeira vez. A clara influência de ABBA aparece em “Nothing Matters”, praticamente uma neta perdida do quarteto sueco com mais um ótimo refrão, e a missão de encerrar fica com a melancólica “Mirror”.

As influências em “Prelude to Ecstasy” são cristalinas como a água de rio antes de ser poluído, e o mérito delas está em justamente conseguir fazer isso de maneira original e sem soar uma cópia barata apenas para conquistar um público órfão de determinado gênero — estou olhando para você, Greta Van Fleet. São pouco mais de 40 minutos empolgantes, com baladas na medida certa e feito para mostrar que existe muita coisa boa sendo feita por aí. Basta procurar. E dar uma chance.

Tracklist:

1 - “Prelude to Ecstasy”
2 - “Burn Alive”
3 - “Caesar on a TV Screen”
4 - “The Feminine Urge”
5 - “On Your Side”
6 - “Beautiful Boy”
7 - “Gjuha”
8 - “Sinner”
9 - “My Lady of Mercy”
10 - “Portrait of a Dead Girl”
11 - “Nothing Matters”
12 - “Mirror”

Avaliação: ótimo

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