Crítica: Norah Jones - Visions

Há pouco mais de 20 anos, quando lançou o álbum de estreia “Come Away with Me”, Norah Jones foi uma aposta da Blue Note no talento de alguém que nada tinha a ver com a gravadora ou com os momentos marcantes da história do selo. Corta para 2024, ela ainda é uma das mais famosas e importantes cantoras surgidas no início do século XXI, com relevância e expectativa com relação a novos trabalhos e projetos dentro e fora da música.

Após lançar um álbum com canções natalinas em 2021 (“I Dream of Christmas”) e convidar amigos para falar sobre música em um podcast (“Norah Jones Is Playing Along”), ela retorna com canções inéditas em “Visions”, nono trabalho da carreira. A balada “All This Time” começa pelo refrão, uma boa surpresa para quem esperava algo mais calmo, que ganhasse corpo lentamente, para abrir o disco.

Veja também:
Crítica: Kim Gordon - The Collective
Crítica: Real Estate - Daniel
Crítica: Idles - Tangk
Crítica: The Vaccines - Pick-Up Full of Pink Carnations
Crítica: The Smile - Wall of Eyes
Crítica: Sleater-Kinney - Little Rope

Estou no Twitter e no Instagram. Compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog! Confira a agenda de lançamentos

Talvez o podcast tenha servido de inspiração para algumas faixas, porque “Staring at the Wall” tem uma energia diferente do resto da discografia por ser mais dançante, mas ainda dentro do que ela geralmente entrega. Para agradar aos novos fãs, as graciosas “Paradise” e “Queen of the Sea” trazem a Norah Jones do passado até o presente e agrada a quem começou a gostar das músicas dela no início da carreira.

A melancólica faixa-título dá destaque para a guitarra de Jones e um trompete suave em uma música gospel que leva qualquer um a reflexão. Logo a coisa fica mais agitada com “Running” e “I Just Wanna Dance”, que soam tiradas diretamente de alguma comédia romântica. E como é muito difícil fugir das origens, “I'm Awake” traz aquela pitada de jazz com um traço de experimental só para sair um pouco do lugar-comum.

O tom gospel retorna na suave “Swept Up in the Night” (“Wings of God before my eyes/ I stare but never act surprised/ I need you so”), já “On My Way” traz o lado mais pop em uma faixa poderosa e com potencial para ser considerada a melhor do trabalho. Feita para fazer qualquer um chorar, “Alone with My Thoughts” encaminha o ouvinte ao momentos finais do álbum, encerrado com um recado sobre a vida em forma de música “That's Life” (“You get lost, you get found/ You find love, come unwound/ Talk too much, hit the ground/ You break up, you break down/ Down, down, down again/ Down again/ Down again”).

Ao mesclar o estilo de sempre com pitadas de novidade, Norah Jones segue ambicionando voos mais altos ao mesmo tempo que relaxa e entrega o que sabe. Para os fãs, “Visions” pode soar fresco e diferente em determinados aspectos. Para quem começou por esse, vale a pena voltar um pouco e começar desde o início para entender como ela chegou até aqui.

Tracklist:

1 - “All This Time”
2 - “Staring at the Wall”
3 - “Paradise”
4 - “Queen of the Sea”
5 - “Visions”
6 - “Running”
7 - “I Just Wanna Dance”
8 - “I'm Awake”
9 - “Swept Up in the Night”
10 - “On My Way”
11 - “Alone with My Thoughts”
12 - “That's Life”

Avaliação: muito bom

Comentários