Crítica: Laetitia Sadier - Rooting for Love

O Stereolab é uma constante na vida da vocalista Lætitia Sadier desde o início dos anos 1990 até a década seguinte, quando começou a apostar em projetos paralelos. Primeiro, foram os três álbuns lançados com o Monade entre 2003 e 2008; depois, ela apostou na carreira solo e vinha lançando trabalhos constantes até 2017, quando as turnês mais a pandemia acabaram interrompendo o ciclo de álbuns. Mas a espera finalmente acabou.

Quinto álbum da carreira solo, “Rooting for Love” abre com a etérea “Who + What”. O tom experimental, quase uma obra de arte musical, joga a favor da cantora ao atiçar a curiosidade, principalmente pelo fato de a letra ser inteiramente em inglês. A seguinte, “Protéïformunité” é toda em francês e, sinceramente, é muito difícil parar de ouvir Sadier cantando na língua materna.

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Também em francês, “Une Autre Attente” apresenta mais o lado pop, apesar de não ter refrão, ao apostar em uma sonoridade mais animada para uma letra abstrata. A pegada é mantida em “The Dash” e dá para dizer que há um quê de bossa nova, no arranjo e no andamento, enquanto a melancolia entra de vez no jogo com a bonita “Don't Forget You're Mine”. E é muito difícil não sair tocado com “Panser L'inacceptable”, principalmente pela interpretação — é dessas com enorme potencial nos shows.

“The Inner Smile” soa a sequência direta da anterior, como se ambas tivessem sido compostas juntas e separadas em algum momento, com essa usando e abusando do coro e do vocal de apoio para criar um clima de pop francês experimental do final dos anos 1960. Ela continua misturando elementos, no caso o gospel com o eletrônico, em “La Nageuse Nue” — lembra muito “Alice no País das Maravilhas”.

O tom épico de “New Moon” encaminha o ouvinte para o final do álbum e, mais uma vez, o vocal acaba sendo um dos destaques da faixa. E a “estranha” “Cloud 6” encerra o trabalho assim como começou: com muitos experimentos e misturas para chegar ao resultado.

Um disco de inéditas de Lætitia Sadier é quase sempre um grande evento para quem gosta e acompanha. Não é diferente em Rooting for Love, quando ela aposta na sonoridade qus gostava de ouvir quando era mais jovem. O resultado é um trabalho dos mais interessantes do ponto de vista estético e uma mostra como ela soa melhor do que jamais esteve.

Tracklist:

1 - “Who + What”
2 - “Protéïformunité”
3 - “Une Autre Attente”
4 - “The Dash”
5 - “Don't Forget You're Mine”
6 - “Panser L'inacceptable”
7 - “The Inner Smile”
8 - “La Nageuse Nue”
9 - “New Moon”
10 - “Cloud 6”

Avaliação: muito bom

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