Crítica: The Black Keys - Ohio Players

O Black Keys está muito bem, obrigado. O vocalista e guitarrista Dan Auerbach e o baterista Patrick Carney vêm numa sequência de trabalhos consistentes o suficiente para manter o interesse na dupla a ponto de cada álbum gerar certa expectativa pelo que virá. E foi com certa surpresa o anúncio de “Ohio Players”, 12º disco da carreira, primeiro recheado de colaboradores. Afinal, há menos de dois anos, eles lançaram o divertido “Dropout Boogie”.

Se precisavam ou não lançar um novo trabalho, só eles sabem, mas começar “This Is Nowhere” é muito promissor. Porque é uma música gostosa de ouvir, daquelas que pode fazer parte de qualquer início de playlist por ser bem animada e boa para bater o pé a qualquer minuto do dia. E a dupla pega tração de vez na balada “Don't Let Me Go” e no rock “Beautiful People (Stay High)”, quando o vocal de apoio traz uma certa áurea gospel para música.

Veja também:
Crítica: The Jesus and Mary Chain - Glasgow Eyes
Crítica: The Last Dinner Party - Prelude to Ecstasy
Crítica: Brittany Howard - What Now
Crítica: J Mascis - What Do We Do Now
Crítica: Laetitia Sadier - Rooting for Love
Crítica: Liam Gallagher & John Squire - Liam Gallagher & John Squire

Estou no Twitter e no Instagram. Compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog! Confira a agenda de lançamentos

O ritmo diminui em “On the Game”, momento em que as colaborações começam a aparecer com mais clareza e mostram como esse álbum foi um trabalho de construção coletiva ao longo de todo processo. Talvez inspirados por eles próprios, “Only Love Matters” traz a influência da música feita no início da década passada, já a parceria com Lil Noid em “Candy and Her Friends” traz o rap pela primeira vez na discografia da dupla — funciona bem, por incrível que possa parecer.

O blues do início dos primeiros álbuns e, recentemente, de “Delta Kream” aparece na melancólica “I Forgot to Be Your Lover” (“Have I told you lately that I love you?/ Well, if I didn't, then I'm sorry/ Did I reach out and hold you in my lovin' arms/ Oh, when you needed me?”) e o ritmo aumenta mais uma vez no country “Please Me (Till I'm Satisfied)” e na animada “You'll Pay”.

O rap retorna em “Paper Crown”, com participações de Beck (o artista) e Juicy J, parecendo uma daquelas colaborações da MTV Brasil no início dos anos 2000. O refrão de “Live Till I Die”, de tom grandioso, e o solo de guitarra posicionam bem a faixa na parte final do disco, com a pesada “Read Em and Weep”, “Fever Tree” e “Every Time You Leave”, a única que se salva das últimas três e momento com menos tração de todo disco.

Um álbum com 14 músicas precisa ter muita consistência do início ao fim, o que não é o caso aqui — seria melhor se fosse um pouco mais enxuto. Mas, no geral, “Ohio Players” é uma prova ao próprio Black Keys de não haver necessidade em fazer tudo e sempre haver espaço para colaborações nos arranjos e nas letras. Pela primeira vez, eles apresentam uma obra coletiva. E o resultado é bem satisfatório e com ótimos momentos.

Tracklist:

1 - “This Is Nowhere”
2 - “Don't Let Me Go”
3 - “Beautiful People (Stay High)”
4 - “On the Game”
5 - “Only Love Matters”
6 - “Candy and Her Friends” (featuring Lil Noid)
7 - “I Forgot to Be Your Lover”
8 - “Please Me (Till I'm Satisfied)”
9 - “You'll Pay”
10 - “Paper Crown” (featuring Beck and Juicy J)
11 - “Live Till I Die”
12 - “Read Em and Weep”
13 - “Fever Tree”
14 - “Every Time You Leave”

Avaliação: muito bom

Comentários