Crítica: Idles - Tangk

Dentre as muitas bandas surgidas nos últimos anos com alguma repercussão, uma das melhores e mais inflamadas é o Idles. A despeito da apresentação deles no Lollapalooza Brasil ter sido em um horário lamentável, a banda conseguiu mostrar os motivos da empolgação de fãs e críticos ao vê-los. A energia e disposição são invejáveis, uma mostra de como ainda é possível uma banda de rock chamar atenção com a própria música, não por outros motivos banais.

Em “Tangk” — fala-se tank, segundo a própria banda —, eles retornam com um novo álbum de estúdio mais romântico e contemplativo. À maneira deles, é claro. O começo passa pela lembrança de uma amizade de infância que nunca mais foi vista e só as recordações ficaram (“Idea 01”), a ideia de sair dançando por aí da forma mais primária possível para esquecer os problemas (“Gift Horse”) até a simplicidade de curtir a alegria da própria filha por alguns momentos do dia (“Pop Pop Pop”).

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Principal compositor do grupo, o vocalista Joe Talbot usa o trabalho para mostrar outra faceta: sai a raiva juvenil, entra a própria história. Ao expor os erros com a namorada em “Roy”, ele mostra uma capacidade em conseguir escrever uma letra do tipo. E a reflexão sobre relacionamentos continua na balada “A Gospel”, mas é na colaboração com o LCD Soundsystem em “Dancer” que eles crescem, mostram o potencial dançante do álbum e se colocam em um patamar acima do esperado.

O Idles só cresce à medida que o trabalho avança, com “Grace” sendo um dos melhores momentos. A força da bateria eletrônica, aliada com o baixo e o vocal arrastado, faz dela um gol de placa, enquanto celebra a amizade na agitada “Hall & Oates”. E se “Jungle” é a lembrança de momentos difíceis em que o vocalista quase foi expulso da banda, “Gratitude” acelera as coisas para encerrar cantando no éter de “Monolith”.

Ao conseguir superar as expectativas mais uma vez, o Idles assegura uma posição de respeito com o novo álbum de estúdio. Sem perder o estilo, eles apresentam canções românticas e avançam musicalmente com ajuda do produtor Nigel Godrich, conhecido por trabalhar há vários anos com o Radiohead. “Tangk” tem o potencial para funcionar como um antes e depois. Resta torcer.

Tracklist:

1 - “Idea 01”
2 - “Gift Horse”
3 - “Pop Pop Pop”
4 - “Roy”
5 - “A Gospel”
6 - “Dancer”
7 - “Grace”
8 - “Hall & Oates”
9 - “Jungle”
10 - “Gratitude”
11 - “Monolith”

Avaliação: ótimo

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