Resenha: Um Livro dos Dias, de Patti Smith

Patti Smith é dessas pessoas que aparecem no mundo de tempos em tempos para mostrar a nós, meros mortais, a simplicidade e a beleza das coisas. Autora de diversos livros, entre eles o ótimo "Só Garotos", ela lançou recentemente "Um Livro dos Dias", uma coleção de fotos retiradas diretamente da conta no Instagram com mais de 1 milhão de seguidores, lançado no Brasil pela Companhia das Letras e com tradução de Camila von Holdefer.

A cantora, escritora e poetisa usa as redes sociais e a newsletter no Substack de uma maneira muito particular, quase como um diário em que ela escreve o que tem vontade de dizer naquele dia. E aos 76 anos, ela tem muita coisa para dividir com todas essas pessoas em uma linguagem e estilos muito próprios, reconhecíveis de longe para quem já teve algum contato com as obras. 

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A ideia de "Um Livros dos Dias" pode soar banal à primeira vista, afinal por que lançar um livro de fotos disponíveis no Instagram? O primeiro passo para entender o trabalho é saber que Patti Smith é uma fotógrafa quase compulsiva. Antes com uma máquina polaroide e agora com o celular, ela registra muitos momentos do cotidiano. De um par de botas surrado ao túmulo de um poeta famoso, ela tira muitas e muitas fotos. E, claro, tem uma imensa coleção delas.

O segundo é a maneira como ela lembra de algumas pessoas, recheando a rede social e o livro com datas importantes para ela e dividindo esses pensamentos com os fãs. Abrindo uma página a esmo, descubro que o aniversário de Frida Kahlo é em 6 de julho. E, claro, Smith já esteve na antiga casa da pintora, tirou algumas fotos e dividiu a experiência no Instagram. Ou saber que no dia do meu aniversário, ela publicou a foto de uma xícara, presente da filha, a principal incentivadora para a criação da conta.

Sem esquecer os que já partiram em homenagens diversas a amigos, ídolos e personalidades de áreas variadas, "Um Livro dos Dias" pode soar banal para quem não gosta da autora ou tem pouco interesse nesse conteúdo, mas Smith consegue fazer do livro de fotos uma exaltação ao simples, um museu muito próprio, ao evocar pequenas lembranças ao longo de 366 dias e celebrar quem fez parte do mundo dela ou deu alguma contribuição importante para sociedade. Com isso, ela quase convence o leitor de que a internet é um lugar habitável.

Avaliação: muito bom

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