Resenha: Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida, de Jotabê Medeiros

O texto saiu com exclusividade na newsletter do blog, publicada toda sexta-feira. Assine para não perder nada.

Após anos de lutas e pedidos de fãs e críticos, finalmente as editoras novas e antigas estão apostando em biografias de artistas que fizeram história ao longo dos anos. Nada como conhecer o nosso País através dessas pessoas, das músicas lançadas e de trabalhos reverenciados até hoje.

Uma biografia lançada há alguns anos é "Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida", de Jotabê Medeiros, lançada pela Todavia, também responsável por livros sobre Belchior, lançado pouco tempo depois da morte do cantor, e Roberto Carlos, feito para aproveitar as comemorações dos 80 anos de um dos maiores vendedores de discos do Brasil.

Veja também:
Resenha: I'm Your Man - A Vida de Leonard Cohen, de Sylvie Simmons
Resenha: John Lennon, Yoko Ono e Eu, de Jonathan Cott
Resenha: Nem Vem que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal, de Ricardo Alexandre
Resenha: Manson – A Biografia, por Jeff Guinn
Resenha: Jimi Hendrix Por Ele Mesmo, de Alan Douglas e Peter Neal
Resenha: Memórias de um Legionário, de Dado Villa-Lobos

Estou no Twitter e no Instagram. Ouça o podcast, compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog!

Medeiros, assim como no trabalho sobre o autor de "Paralelas", escolhe um caminho simples para falar da vida e obra de Raulzito. Em um ganho com relação ao primeiro livro, a linguagem está mais fluída e menos truncada e, apesar de alguns pequenos problemas de edição, a leitura ajuda a entender mais de onde ele veio, as inspirações musicais, as aspirações da carreira, a amizade com Paulo Coelho e outros companheiros históricos de composição, as esposas, namoradas, encrencas, ideias, a deterioração física e da carreira e a morte, em 21 de agosto de 1989, aos 44 anos.

Com um personagem fascinante até hoje em vários aspectos, não escolher o caminho da fofoca e focar na música foi a melhor escolha possível porque se existiu um artista que mostrou e se mostrou usando a música, esse alguém é Raul Seixas. Do rock simples dos primeiros acordes da guitarra até a descoberta das religiões asiáticas e do ocultismo de Aleister Crowley até o retorno aos primórdios, ele era música, respirava música, amava música e estava na música por querer ser como os próprios ídolos. Tudo recheado com casos amorosos um atrás do outro, com felicidades e traumas na mesma proporção para ele, as mulheres e as filhas.

Mesmo a suposta história de ter entregado Paulo Coelho ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), que seria uma mancha terrível na biografia de Raul, foi desmentida por documentos alguns meses depois quando revelaram que o órgão de repressão da ditadura militar brasileira confundiu o futuro escritor de sucesso mundial com um homônimo de nome e sobrenome e que o cantor era um meio para chegar na pessoa errada, não um dedo-duro. Mexer com documentos é sempre algo complicado, então checar informações várias vezes é fundamental para não ter nenhum problema.

"Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida" vale para conhecer um apaixonado por música, sem vergonha de plagiar os ídolos na cara dura, com uma carreira relativamente curta, mas importantíssima para a música brasileira até hoje.

Avaliação: bom

Comentários