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Leonard Cohen (1934-2016) já seria um artista fascinante se tivesse ficado apenas na literatura. Consagrado com diversos prêmios e homenagens ao longo dos anos, ele enxergou na escrita uma forma de falar sobre diversos assuntos — principalmente da própria vida. Mas ele foi além ao também virar um dos compositores mais aclamados dos últimos 60 anos.
Em "I'm Your Man - A Vida de Leonard Cohen", lançado no Brasil pela editora Best Seller e traduzido por Patrícia Azeredo, a escritora Sylvie Simmons traz ao público uma biografia impressionante de um personagem complexo e, diferente do que qualquer poderia imaginar, doce e atencioso com as pessoas mais próximas.
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Em ordem cronológica e feita enquanto Cohen ainda estava vivo, Simmons contou com o apoio pessoal do compositor para o projeto e teve acesso a cartas, fotos, rascunhos de letras e poemas, e tudo mais que ele pôde oferecer para ajudá-la. E, claro, diversos amigos e especialistas da música e da literatura, parentes, namoradas e os filhos e deram depoimentos e a ajudaram a construir esse livro fabuloso. Além disso, o trabalho de pesquisa é de cair o queixo.
As quase 500 páginas passam voando e, caso você seja um leitor voraz, é possível terminar a leitura rapidamente. Comigo, demorei alguns dias para ler por um motivo muito simples: não queria acabar. E faltou muito pouco para reiniciar a leitura assim que terminei.
Da origem judia dos pais, passando por momentos marcantes da infância e da juventude, a construção da personalidade e o ótimo gosto para ternos é o primeiro passo para conhecermos melhor Cohen. Os livros, os prêmios e a viagem para Hidra, na Grécia, preenchem praticamente um terço do livro e, sinceramente, é a melhor parte, fundamental para entender quem ele seria nos anos seguintes.
A maior parte do trabalho é do período musical, quando a depressão e o zelo pelo próprio trabalho atrapalharam uma produção em massa de canções e livros. E Simmons aborda com maestria o interesse dele em religião, culminado em uma aposentadoria precoce para morar em uma comunidade de estudantes de budismo comandada pelo monge que viraria o melhor amigo o cantor até 2014, quando morreu aos 107 anos. O período difícil, quando descobriu o roubo do dinheiro guardado para a aposentadoria, é explicado com muitos detalhes e é possível entender a necessidade do retorno dele aos palcos.
O livro termina no período do sucesso de "Old Ideas", de 2012, quando ele havia recebido diversas homenagens e feito turnês históricas e lotadas por pais e filhos, em uma experiência única para quem esteve lá e pôde vê-lo em ação em apresentações de quase ou com mais de três horas de duração.
"I'm Your Man - A Vida de Leonard Cohen" é recomendado não apenas para quem é fã ou ama música, mas também para quem gosta de bom jornalismo e como achar o tom certo para contar a história de um homem simples e complexo ao mesmo tempo. Sylvie Simmons faz um ótimo trabalho e agora é torcer para mais livros dela serem editados no Brasil.
Avaliação: ótimo
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