Resenha: Feist - Multitudes

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Feist surgiu como uma espécie de furacão na música no começo dos anos 2000, principalmente com o sucesso do segundo álbum de estúdio da carreira, "Let it Die", de 2004. Depois disso, ela partiu para o sucesso mundial ao emplacar mais dois sucessos seguidos: "The Reminder", de 2007, e "Metals", de 2011. Mas o cansaço pesou e a cantora só lançaria um novo disco seis anos depois, chamado "Pleasure". Então, tudo mudou.

Durante a pandemia de COVID-19, Feist adotou uma menina e virou mãe aos 45 anos. Com essa nova perspectiva na vida e trancafiada em casa como todo mundo, ela aproveitou para trabalhar novas canções, um repertório que mistura o novo e o velho momento, uma mistura da antiga e da nova cantora. Assim, nasceu "Multitudes", o sexto trabalho da carreira. 

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"In Lightning" começa com ela soando com Björk, uma estranheza inicial, mas dentro dessa proposta de uma nova abordagem para novos temas, incluindo a preparação para maternidade em "Forever Before" e como transformar a própria solidão em uma temática universal na balada folk "Love Who We Are Meant To".

Feist teve a sensibilidade de escrever sobre o período da pandemia em "Hiding Out in the Open" e como cada um de nós precisou confrontar a própria intimidade sem conseguir sair de casa ("Hiding out in the open/ Maybe he's gonna let me down/ Love is not a thing you try to do/ It wants to be the thing compelling you/ To be you"). É uma dessas músicas que poucas pessoas vão prestar atenção, mas deveriam, para própria reflexão.

Em "The Redwing", a cantora canadense invoca os melhores momentos de Neil Young em outra balada folk de temática tranquila, vocal suave e convidativa para ouvir no final do dia enquanto bebe uma taça de vinho e aproveita para pensar sobre os próprios erros na seguinte, chamada "I Took All of My Rings Off", e como ser mulher em "Of Womankind", de bonito arranjo na parte final.

As poéticas "Become the Earth" e "Calling All the Gods" trazem o lado mais experimental do trabalho, e o ritmo retorna ao normal em "Borrow Trouble" (ao falar de como é difícil mudar), em "Martyr Moves" (quando esperar pelo pior é o melhor a fazer) e encerra com a bonita "Song for Sad Friends", uma carta escrita aos amigos durante o lockdown.

Feist usou um dos piores períodos recentes do mundo para avançar em demandas pessoais colocadas de lado por conta da carreira. Ao conseguir escrever e dividir esses momentos com os fãs, ela se coloca em posição de alguém para ser olhada com admiração ao conseguir fazer mudanças e deixar a vida um pouco melhor. "Multitudes" é a cara de uma nova Feist, agora mãe e mais disposta a novas abordagens pessoal e profissionalmente.

Tracklist:

1 - "In Lightning"
2 - "Forever Before"
3 - "Love Who We Are Meant To"
4 - "Hiding Out in the Open"
5 - "The Redwing"
6 - "I Took All of My Rings Off"
7 - "Of Womankind"
8 - "Become the Earth"
9 - "Borrow Trouble"
10 - "Martyr Moves"
11 - "Calling All the Gods"
12 - "Song for Sad Friends"

Avaliação: muito bom

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