Resenha: Depeche Mode - Memento Mori

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O Depeche Mode é uma das bandas clássicas dos anos 1980 e 1990, tendo em "Violator" um dos trabalhos mais famosos do período. O grupo se manteve em atividade desde então com pequenas mudanças na formação, mas com David Gahan, Martin Gore e Andy Fletcher sempre como força principal ao longo dos anos. Isso mudou em 2022, com a morte de Fletcher, aos 60 anos, em consequência do rompimento de uma das aortas do coração.

Os fãs e o mundo da música ficaram abalados com acontecimento repentino e muitos pensaram não haver mais Depeche Mode pelos próximos meses ou até mesmo anos. Mas Gaham e Gore tiraram forças para seguir e resolveram colocar para fora toda essa gama de sentimentos com a perda do amigo em "Memento Mori", 15º trabalho de estúdio da agora oficialmente dupla. 

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O nome do disco é uma expressão latina que significa "lembre-se de que você é mortal" ou "lembre-se da morte", muito usada nos ensinamentos dos mosteiros católicos como exercício diário de aceitação da morte. Ao abrir com "My Cosmos Is Mine", o Depeche Mode usa o eletrônico e um forte vocal para criar um clima melancólico e reflexivo.

"Wagging Tongue" surge com elementos históricos do grupo ao longo dos anos e não deveria surpreender, mas acaba causando impacto pelo verso "Watch another angel die". E "Ghosts Again" surge para mostrar o lado mais dançante do trabalho em uma das melhores canções deles em anos - Gahan contou que, ao ouvir a demo pela primeira vez, dançou com a filha na sala e sabia que tinha algo de bom vindo.

Dez anos atrás, Richard Butler, vocalista do Psychedelic Furs, procurou Gore para trabalharem juntos em uma canção. Não deu certo, porém acabou que a pausa forçada causada pela pandemia acabou colocando os dois em contato novamente. Resultado? Quatro canções seguidas em "Memento Mori", começando pela anterior e seguindo pela balada triste "Don't Say You Love Me".

A sequência ainda apresenta "My Favourite Stranger" e a lindíssima "Soul with Me", um tratado sobre a morte de letra bem comovente e cheia de elementos eletrônicos, com o ar oitentista chegando com tudo no potente refrão de "Caroline's Monkey", última da colaboração com Butler, e na força da ótima balada "Before We Drown". A grande fase do Depeche Mode é coroada pela forte "People Are Good".

Chegar até os momentos finais desse novo trabalho do Depeche Mode é emocionalmente difícil, principalmente pelo tom do trabalho. E a parte final ainda traz a pancadas "Always You" ("And then there's you/ There's always you/ The light that leads me from the darkness"), "Never Let Me Go", quando a guitarra brilha pela primeira vez, e encerra com "Speak to Me", melhor faixa do trabalho ao falar de como é difícil equilibrar todas as vontades da vida.

Ouvir "Memento Mori" no lançamento foi terminar a audição sem vontade de escrever uma resenha. E não por não gostar, mas por pensar não haver palavras para descrever esse novo álbum do Depeche Mode. Com mais de 40 anos de carreira, diversos sucessos e uma legião de fãs, eles ainda encontraram forças e motivação após a morte de um amigo para entregar um disco com letras complexas, cheio de humanidade e compaixão.

Pode ser a emoção do momento ou qualquer outra coisa, mas fiquei com a sensação de ter ouvido nos últimos dias um novo clássico da banda, um trabalho marcante ao ponto de compará-lo com os melhores momentos da carreira deles. Só o tempo dirá, claro, apesar de já ser um clássico no meu coração.

Tracklist:

1 - "My Cosmos Is Mine"
2 - "Wagging Tongue"
3 - "Ghosts Again"
4 - "Don't Say You Love Me"
5 - "My Favourite Stranger"
6 - "Soul with Me"
7 - "Caroline's Monkey"
8 - "Before We Drown"
9 - "People Are Good"
10 - "Always You"
11 - "Never Let Me Go"
12 - "Speak to Me"

Avaliação: excelente