Resenha: Everything but the Girl - Fuse

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Formado por Tracey Thorn e Ben Watt, no início dos anos 1980, o Everything but the Girl é dessas duplas históricas na música eletrônica britânica com diversas canções nas principais posições da parada e uma sucessão de hits marcantes para toda uma geração. Mas, um dia, lá em 1999, eles lançaram "Temperamental". E foi o último trabalho de estúdio dos dois juntos.

Ninguém imaginou que, em pleno ano da graça de 2023, Thorn e Watt, agora casados, se juntariam novamente como Everything but the Girl. E eles lançaram "Fuse", 11º trabalho da carreira. É difícil não ficar contagiado logo nos primeiros segundos de "Nothing Left to Lose", uma canção tão oitentista que deixa boa parte daquela década morrendo de inveja. 

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A vulnerabilidade na noite disfarçada de histórias mirabolantes e autoconfiança aparece na bonita balada "Run a Red Light", inspirada em fatos vividos por Watt nos anos como DJ de várias casas noturnas na Inglaterra, enquanto a incomum alegria aparece em "Caution to the Wind" - inspirada nas letras de Steve Nicks para o Fleetwood Mac.

Quando a idade chega e os 20 anos estão cada vez mais longe, rever os erros e tentar perdoar-se deveria ser a chave de uma boa vida. É isso que "When You Mess Up" mostra de maneira muito suave e melancólica com os arranjos incomuns para carreira do Everything but the Girl, mas necessários nesse momento da vida do casal. Já "Time and Time Again" traz um pouco da experimentação deles no eletrônico, inspirada na música dos anos 1980.

Watt homenageia a casa noturna dirigida por ele nos anos 1990 em "No One Knows We're Dancing" em uma faixa cheia de sintetizadores e com a bateria eletrônica reinando, soando um revival dos grandes momentos dos dois instrumentos em meados daquela década, enquanto "Lost" foi criada a partir de uma pesquisa no Google com a palavra "perdi" e as sugestões do algoritmo. O resultado é uma canção forte e tocante sobre perda, como isso nos afeta em todos os âmbitos e como é necessário seguir, apesar de tudo.

Inspirada no R&B dos anos 1970, "Forever" reflete sobre descobrir o que é importante nas nossas vidas, convidando o ouvinte para dançar e ficar com o refrão grudado na cabeça por vários dias. A reflexão continua na etérea "Interior Space" e finaliza com "Karaoke", quando cantar vira o objeto da letra ao perguntar: você canta para curar a si mesmo ou para começar a festa?

Quem poderia imaginar um novo álbum do Everything but the Girl? E quem poderia imaginar que é um dos bons lançamentos nesse primeiro semestre? Pois Tracey Thorn e Ben Watt voltaram sem pressão alguma para entregar alguma coisa e acabaram mostrando a falta que fizeram nos últimos anos.

Tracklist:

1 - "Nothing Left to Lose"
2 - "Run a Red Light"
3 - "Caution to the Wind"
4 - "When You Mess Up"
5 - "Time and Time Again"
6 - "No One Knows We're Dancing"
7 - "Lost"
8 - "Forever"
9 - "Interior Space"
10 - "Karaoke"

Avaliação: ótimo

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