Resenha: Slowthai - UGLY

Ao longo dos últimos anos, cada vez mais, tratar um artista por meio de algum gênero musical vem fazendo menos sentido porque muitos deles se sentem muito à vontade para misturar estilos - e pouco importa como o determinado artista começou a carreira. É o caso do rapper britânico Slowthai, que faz de "UGLY", terceiro disco da carreira, um álbum de pós-punk.

"Yum" abre os trabalhos com uma faixa em que o sintetizadores trabalham pesadamente para ajudar o vocalista a colocar para fora uma raiva crescente, consolidada em "Selfish". O título até pode soar egoísta, mas a pegada hardcore apresenta uma letra sobre como o mais importante na vida é fazer coisas boas para você mesmo.

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Uma história pessoa toma conta da esperta e cheia de balanço "Sooner" e ele parte para o pop repetitivo na rápida e rasteira "Feel Good", em que o título é repetido 44 vezes (brincadeira). O ritmo diminui na balada "Never Again", essa com um piano muito delicado, em uma história de amor de tons melancólicos e sempre atuais para qualquer um que se identificar.

O rap aparece com força na curta e potente "Fuck It Puppet", mas é em "Happy" que Slowthai chega no grande momento do trabalho. Com um ótimo arranjo e um refrão grudento, a canção traz o melhor do vocalista, uma prova de que ele pode fazer mais letras do tipo. E ele retorna às baladas na faixa-título, uma reflexão sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia, e em "Falling", sobre como o piloto automático faz mal em nossas vidas.

Falando do dia a dia do cantor e como determinadas coisas não têm muita graça para ele, "Wotz Funny" traz o tom irônico do punk em uma canção bem interessante, mas inferior a outro grande momento do trabalho: "Tourniquet". Gritando, Slowthai aborda o crescimento pessoal de maneira dolorosa a ponto de quase perder uma parte do próprio corpo para conseguir seguir e encerra com a melancólica "25% Club", em que, segundo ele, ninguém consegue ser 100% feliz.

Slowthai vai além do rap no terceiro álbum de estúdio da carreira e faz de "UGLY" um experimento pós-punk com pitadas de hardcore, punk e baladas melancólicas que falam dele mesmo. Estamos na metade de março e, provavelmente, será o melhor álbum de pós-punk do ano.

Tracklist:

1 - "Yum"
2 - "Selfish"
3 - "Sooner"
4 - "Feel Good"
5 - "Never Again"
6 - "Fuck It Puppet"
7 - "Happy"
8 - "Ugly"
9 - "Falling"
10 - "Wotz Funny"
11 - "Tourniquet"
12 - "25% Club"

Avaliação: ótimo

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