Resenha: Racionais - Das Ruas de São Paulo Pro Mundo, de Juliana Vicente

Os Racionais formam o grupo de rap mais importante da história do Brasil com larga margem. Desde o final dos anos 1980, o quarteto formado por Edi Rock, Ice Blue, DJ KL Jay e Mano Brown fala sobre a realidade das favelas de São Paulo e, por que não, de todo Brasil. Em "Racionais - Das Ruas de São Paulo Pro Mundo", eles têm a chance de contar a própria história pela primeira vez.

Dirigido por Juliana Vicente, o longa da Netflix conta com muitas imagens de arquivo, em fotos e vídeos, e opta por duas abordagens para contar a história. A primeira é com cada integrante falando separadamente, com Mano Brown em dois momentos diferentes, e com os quatro reunidos em uma sala para relembrar os velhos tempos de dureza em outros trabalhos.

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A diretora opta por apresentar o contexto em que o grupo foi criado em ordem cronológica, com cada integrante sendo apresentado individualmente até o encontro ser feito para entrar na história da música nacional. O importante para entendê-los é compreender de onde vieram, a criação e como cada um encontrou na música uma válvula de escape para fugir dos problemas.

Eles mesmos apresentam o contexto dos locais, o racismo, a violência policial - vista e sofrida por eles ao longo dos anos do desconhecimento até a fama. Musicalmente, a construção do repertório foi sendo refinada a partir do conhecimento próprio e da prática em escrever, compor e trabalhar os samplers. Entre 1992 e 1999, não havia um grupo mais famoso em São Paulo do que os Racionais.

Os problemas pessoais também são contados, e nenhum deles foge em contar de como a fama trouxe muitos benefícios financeiros e muita responsabilidade fora do palco. Os delicados episódios de violência também aparecem, momento em que eles resolveram dar um tempo na carreira para esfriar o que estava passando do limite em todos os aspectos.

A história dos Racionais, muito mais de sobrevivência do que musical, é bem contada com depoimentos e boas imagens de arquivo e ajuda a relembrar o papel deles como porta-vozes de um pessoal sem voz.

Avaliação: bom

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